Destaque Etiópia: Rebeldes de Tigray estão a entregar armas pesadas

Etiópia: Rebeldes de Tigray estão a entregar armas pesadas

O porta-voz das forças rebeldes da região de Tigray disse esta quinta-feira que começaram a entregar armas pesadas no âmbito do acordo de paz assinado com o governo da Etiópia no final de 2022. Getachew Reda disse na rede social Twitter esperar que a transferência de armas, confirmada por uma equipa de observadores da União Africana, “ajude em muito a acelerar a implementação total do acordo” assinado há mais de dois meses.

As forças de Tigray procuram a retirada das tropas da vizinha Eritreia, que lutou ao lado das forças etíopes, mas não fez parte do acordo com vista a encerrar o conflito que dura há mais de dois anos. Segundo um documento, assinado a 12 de Novembro na capital do Quénia, Nairobi, relativo à implementação do acordo, de entrega das armas pesadas será feito em simultâneo com a retirada das forças estrangeiras”. Testemunhas confirmaram à agência Associated Press que combatentes da Eritreia permanecem em algumas comunidades.

Uma delegação do governo etíope, que incluiu o conselheiro de segurança nacional do primeiro-ministro, Redwan Hussein, e os ministros da Justiça, Transportes e Comunicações, Indústria e Trabalho, deslocou-se a Mekele, capital da região de Tigray, a 26 de Dezembro, para a primeira visita oficial em mais de dois anos. Alguns dias depois, a 29 de Dezembro, a polícia federal etíope entrou em Mekele, pela primeira vez em 18 meses, sobretudo para “garantir a segurança das instituições”.

Os rebeldes afirmaram ter retirado 65% dos combatentes das linhas de frente, mas denunciam atrocidades cometidas pelo exército da Eritreia e pelas forças da região etíope de Amhara. O acordo de paz assinado a 02 de Novembro entre o governo etíope e os rebeldes do Tigray prevê o desarmamento das forças rebeldes, o restabelecimento da autoridade federal no Tigray e a reabertura dos acessos e comunicações para a região, isolado do resto do mundo desde 2021.

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Os combates começaram em Novembro de 2020, quando o primeiro-ministro Abiy Ahmed enviou o exército para deter os dirigentes em Tigray que contestavam a sua autoridade há meses, acusando-os de terem atacado bases militares federais. A guerra deslocou mais de dois milhões de etíopes e deixou centenas de milhares perto da fome, segundo a ONU. Os dois anos de guerra tornaram mais de 13,6 milhões de pessoas dependentes de ajuda humanitária no norte da Etiópia, incluindo 5,4 milhões em Tigray. O balanço do conflito continua desconhecido, com a International Crisis Group e a Amnistia Internacional a descreverem-no como “um dos mais mortais do mundo”.

Enquanto isso, os chefes da diplomacia francesa e alemã iniciaram ontem uma visita a Addis Abeba na quinta-feira para apoiar a paz em Tigray, mais de dois meses após o acordo que pôs fim ao conflito nesta região do norte da Etiópia. Durante a visita de dois dias, que ocorre logo após os rebeldes de Tigray começarem a entregar suas armas pesadas, Catherine Colonna e Annalena Baerbock devem reunir-se com o primeiro-ministro etíope, os ministros das Relações Exteriores e da Justiça, bem como representantes da União Africana e activistas de direitos humanos. Eles também planeiam visitar um centro de distribuição do Programa Alimentar Mundial para ver a implementação de uma doação ucraniana de 50 mil toneladas de trigo para a Etiópia e Somália, que Paris e Berlim financiaram com 14 milhões de euros cada.