Destaque Réu confirma ter construído casa para filha de Helena Taipo

Réu confirma ter construído casa para filha de Helena Taipo

O réu Desheng Zhang, proprietário da empresa Ku Yaka Construções, disse ao tribunal que um dos contratos por ele celebrado se destinava à construção de um bloco oficinal do Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional (INEFP), no distrito de Malema, em Nampula.

Entretanto, na hora da sua execução, foi orientado a erguer uma dependência que, segundo o Ministério Público (MP), beneficiou uma filha da antiga ministra do Trabalho Helena Taipo.

Na sessão de produção de provas do caso de desvio de cerca de 113 milhões de meticais, que decorre no distrito municipal KaTembe, o réu Desheng Zhang afirmou que em 2014 celebrou dois contratos para a construção de igual número de blocos oficinais do INEFP , no valor de 24 milhões de meticais cada.

Sucede que, tal como indicou, recebeu na sua conta pessoal 12 milhões de meticais para a execução dos trabalhos de um dos blocos, sendo que para o outro a instituição só depositou dois milhões.

Esclareceu que a obra paga totalmente foi executada pela Ku Yaka Construções, sendo que a segunda não andou. Aliás, o réu, na qualidade de proprietário da empresa, teve de adiantar alguns trabalhos com fundos próprios na esperança de reaver o dinheiro.

Desheng Zhang disse à juíza da causa, Ivandra Uamusse, que, tempos depois, funcionários da Direcção do Trabalho Migratório (DTM) o contactaram, sugerindo a assinatura de um contrato para erguer outro bloco oficinal, tendo mais tarde ordenado a construção de uma residência no bairro Muahivire, onde vivia uma filha da ré Helena Taipo.

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O réu contou que não sabe ler nem escrever português, por isso presume que terá sido usado pelos contratantes. Desheng Zhang acrescentou que a obra da dependência foi concluída porque a DTM procedeu ao pagamento do valor acordado.

Por seu turno, a ré Dalila Lalgy, esposa do réu Desheng Zhang e co-proprietária da Ku Yaka Construções, disse que, apesar de ser administradora, pouco sabe dos contratos e pagamentos da empresa.

Questionada pelo representante do Ministério Público, Armando Parruque, sobre a pessoa responsável pela interpretação e celebração de contratos, uma vez que o seu esposo não sabia ler nem escrever português, a ré remeteu-se ao silêncio.

Lalgy confirma a celebração de dois contratos para obras do INEFP, tendo executado apenas um que foi paga na totalidade. A outra não teve, segundo ela, “pernas para andar”, porque não foram desembolsados valores para o efeito.

Issufo Massona, contabilista da Ku Yaka Construções, esclareceu que tinha como missão emitir facturas e apurar o imposto para depois canalizar os valores às Finanças. Referiu que ajudava, igualmente, ao proprietário da empresa a analisar alguns documentos. A uma pergunta do representante do MP, o réu referiu que não teve acesso ao contrato que o seu patrão celebrou com a DTM. Aliás, acrescentou que o pagamento foi feito na sua conta pessoal e não da empresa.