A decisão da Suprema Corte Federal do Iraque de suspender a candidatura do ex-ministro curdo Hoshyar Zebari, um dos favoritos à presidência, e anúncios de boicote feitos pelas principais formações parlamentares comprometem a votação desta segunda-feira para eleger o novo chefe de Estado.
A decisão das principais forças do Parlamento de não participar da sessão de ontem deixou exposta as divisões políticas no país, devastado pela guerra e que enfrenta a corrupção e a pobreza.
Uma sessão parlamentar em que os 329 deputados devem eleger o novo presidente do país está prevista para hoje, mas deputados do movimento do líder xiita Moqtada Sadr, maior força do Parlamento iraquiano, boicotarão a sessão.
A coalizão da soberania, com 51 deputados liderados pelo chefe do Parlamento, Mohamed al-Halbusi, aliado dos sadristas, também anunciou hoje um boicote à sessão. Mais tarde, o influente Partido Democrático do Curdistão (PDK), com 31 deputados, aderiu ao movimento e anunciou a sua ausência, “com o objetivo de continuar as consultas e o diálogo entre os blocos políticos”.
Os anúncios foram feitos depois que a Suprema Corte suspendeu hoje a candidatura do ex-ministro curdo Hoshyar Zebari. O mais alto tribunal do Iraque disse que membros do Parlamento – que elegem o presidente do país – solicitaram se pronunciar sobre uma denúncia de que a candidatura de Zebari é “inconstitucional” devido a acusações de corrupção.
A suspensão de Zebari é “temporária” enquanto o tribunal analisa o caso, segundo a decisão. Ele é um membro do alto escalão do influente Partido Democrático do Curdistão (PDK).
A denúncia cita pelo menos dois outros processos judiciais que envolvem o ex-ministro, 68, inclusive quando ele era chefe da diplomacia. Também aponta “abuso de poder” relacionado a “somas importantes gastas em um prédio que não pertencia ao Estado”.
Vinte e cinco candidatos irão disputar as eleições presidenciais e dentre eles se destacam dois políticos veteranos: Zebari e o atual presidente, Barham Saleh, ambos dos dois partidos rivais que dominam a região autônoma do Curdistão.