O primeiro-ministro Abdullah Hamdok, rosto da ansiada transição para um regime civil democrático no Sudão, anunciou sua demissão na noite de domingo (02), dois meses após o golpe de Estado militar no país e depois de dias de uma repressão violenta.
Em discurso transmitido pela TV pública, Hamdok admitiu que tinha fracassado em sua tentativa de alcançar um consenso e alertou que a “sobrevivência” do Sudão está hoje “ameaçada”.
Segundo ele, as diferentes forças políticas neste país que saiu em 2019 de uma ditadura islamita-militar de 30 anos, chefiada por Omar al Bashir, estão “fragmentadas” demais. A isso se soma que os dirigentes civis e militares têm posturas irreconciliáveis para que um “consenso” encerre “um banho de sangue” e torne realidade o lema da revolta de 2019: “Liberdade, paz e justiça”.
Este ex-economista da ONU, que conseguiu que parte da dívida do Sudão fosse enterrada e tirou o país do isolamento internacional, não teve um momento de descanso desde o golpe de 25 de outubro de 2021.