Destaque Cabo Delgado: analistas divididos quanto ao diálogo com insurgentes

Cabo Delgado: analistas divididos quanto ao diálogo com insurgentes

O representante do secretário-geral das Nações Unidas em Moçambique, Mirko Manzon, afirmou que que a solução para o conflito militar em Cabo Delgado passa pelo diálogo.

Analistas moçambicanos, no entanto,, estão divividos em relação à proposta de Manzoni defendida numa palestra com políticos, académicos e representantes da sociedade civil, na quarta-feira, 23, em Maputo.

Borges Namire está de acordo porque entende que o conflito em Cabo Delgado passa pelo diálogo, como passa pelo diálogo também a solução do conflito com Mariano Nhongo, líder da auto-proclamada Junta Militar da Renamo.

Namire nega que constitua constrangimento para um eventual diálogo o fato de os insurgentes ainda não terem apresentado os seus líderes porque as autoridades governamentais, através dos Serviços de Informação e Segurança do Estado (SISE) e dos Serviços de Inteligência Militar, “certamente já sabem por onde partir se pretenderem dialogar”.

Lideranças islâmicas conhecem os insurgentes

Aquele analista recorda que antes do início do conflito, “as lideranças islâmicas em Cabo Delgado e em Nampula alertavam sobre estes movimentos de radicalização, o que significa que essas lideranças conheciam as pessoas que estavam à frente dos ataques”.

“Para além disso”, realçou Nhamire, pode-se solicitar a mediação das confissões religiosas, que normalmente, não fazem parte do conflito.

Contudo, o analista Tomás Rondinho é da opinião de que o Governo não deve ser pressionado a dialogar com os insurgentes, mas sim “a investigar a origem do conflito em Cabo Delgado”.

Por seu turno, o director do Centro de Integridade Pública (CIP), Edson Cortez, entende que na ausência de um interlocutor para dialogar tem de haver uma mistura de soluções.

“Uma solução seria por via militar, mas parece que o Estado moçambicano não tem musculatura para isso e a outrasseria criar oportunidades para jovens, sobretudo em termos de emprego e outras actividades de geração de renda”, acrescenta.

O Governo, na voz do Presidente Filipe Nyusi, diz estar aberto a um diálogo com os insurgentes, mas exige que estes apresentem o rosto porque só assim será possível ouvir as suas preocupações.