Destaque Dívidas ocultas: Guebuza terá pedido apoio da Privinvest para Frelimo

Dívidas ocultas: Guebuza terá pedido apoio da Privinvest para Frelimo

Jean Boustani, principal arguido nos Estados Unidos no caso das dívidas ocultas de Moçambique, afirmou em tribunal que o ex-Presidente Armando Guebuza pediu apoio da Privinvest para a Frelimo.

No depoimento de terça-feira, Jean Boustani, acusado pelos procuradores norte-americanos, afirmou que Armando Guebuza pediu à empresa de construção naval Privinvest apoio para a segurança em Moçambique, atracção de investidores internacionais, aumento de investimentos no país e apoio à Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO).

A Privinvest, com sedes no Líbano e nos Emirados Árabes Unidos, era a fornecedora para um projecto de protecção da zona exclusiva económica (ZEE) de Moçambique. O pedido terá sido feito durante uma reunião, em 2013, no Palácio da Presidência, em Maputo, indicou Boustani.

Documentos da acusação dos Estados Unidos, apresentados em tribunal há um mês, registam o pagamento de dez milhões de dólares (nove milhões de euros) de uma subsidiária da empresa Privinvest à Frelimo em quatro tranches, em 2014.

Quatro facturas de transferências em 31 de Março, 29 de maio, 19 de Junho e 3 de Julho de 2014 num total de dez milhões de dólares foram enviados pela empresa Logistics International de Abu Dhabi, subsidiária da empresa Privinvest, com destino à conta detida pelo Comité Central da Frelimo no Banco Internacional de Moçambique.

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Reuniões

Em tribunal, o negociador da Privinvest disse em tribunal que, em Janeiro de 2013, teve duas reuniões privadas com Armando Guebuza para falar sobre o “empenho no projecto ZEE” e a “falta de resposta moçambicana”. Boustani indicou ter viajado para Maputo para encontrar Guebuza e discutir o projecto de protecção da ZEE, porque de Moçambique “não havia sinais, esperança, novidades”.

No primeiro encontro, Armando Guebuza sublinhou “a visão que tinha para o projecto e a satisfação em realizá-lo, por uma razão estratégica para a segurança de Moçambique”, disse Boustani, questionado pelo advogado de defesa.

“No dia seguinte, fui ao Palácio da Presidência com Armando Júnior, seu filho”, lembrou o arguido, acrescentando que o segundo encontro com o chefe de Estado foi “mais curto e directo”.

DW