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Marcha em repúdio a mortes de mulheres na maternidade de Lichinga termina em detenções

Munidos de cartazes e faixas com dizeres de “Queremos parteiras e não assassinos”, “Chega de mortes de mulheres e crianças na Maternidade de Lichinga”, membros de diversas organizações da sociedade civil da capital provincial do Niassa saíram às ruas no sábado (31) para mostrar o seu desagrado com as mortes de mulheres grávidas na maior maternidade de referência da província.

Só nesta semana, quatro mulheres perderam a vida naquela enfermaria do Hospital Provincial de Lichinga. Alguns bebés também morreram. O facto que fez com que muitos saíssem às ruas para mostrar seu descontentamento ou dar o seu grito de socorro para que as autoridades possam pôr fim desta situação preocupante, segundo deu a conhecer Tino Daniel, ativista social e um dos mentores da marcha.

“A morte de uma docente universitária na cidade de Lichinga na terça-feira (27) e outras mulheres que vão naquela maternidade e voltam em caixões,” teriam motivado o protesto, refere o ativista.

“Somos jovens, nos solidarizamos e achamos que é uma forma de chamarmos ou convidarmos a quem é de direito para poder mudar o cenário, porque estamos preocupados. Que se faça um inquérito porque essas mortes estão a tirar as vidas de muitas crianças e muitas famílias estão a perder os seus entes queridos,” apela.

“Nós não queremos isso, razão pela qual nos juntamos para repudiar esses actos,” acrescenta Tino Daniel.

Os casos relatados por Tito Daniel não são os primeiros casos de mortes de mulheres naquela unidade.

Para além da marcha de sábado, já houve uma série de denúncias nas redes socais a reportar as situações desumanas naquela maternidade, sobretudo mau atendimento por parte dos profissionais da enfermaria, falta de oxigénio e de medicamentos, entre outros materiais.

Segundo informações de fonte do Hospital Provincial de Lichinga, a ministra do pelouro teria solicitado uma inspecção para averiguar a situação. Até o momento, não foram divulgadas as causas reais das reais mortes. As autoridades apenas dizem tratar-se de “complicações de parto”.

Repressão policial

Entretanto, o protesto pacífico terminou em detenções. A polícia entrou em cena para impedir que a marcha continuasse nalgumas avenidas da urbe e usado gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes.

Pelo menos vinte pessoas foram detidas e encaminhadas à primeira esquadra da Polícia da República de Moçambique (PRM) na cidade de Lichinga. Duas horas mais tarde, todos viriam a ser soltos.

No entanto, os manifestantes criticaram o modo como a polícia actuou. Segundo estes, a marcha era legal porque já tinham comunicado às autoridades sobre a sua realização.

“Estamos a fazer uma manifestação pacífica. Quando chegamos aqui na rotunda, nos lançaram gás lacrimogéneo. Não sabemos os porquês e outros tinham que fugir para dentro da igreja e, mesmo assim, a polícia foi lhes levar,” descreve Silvina João, uma participante da marcha.

DW