Destaque Baía de Maputo: Piloto do Mapapai estava ao telemóvel antes da colisão

Baía de Maputo: Piloto do Mapapai estava ao telemóvel antes da colisão

Sobreviventes revelam que tripulação bateu insistentemente na embarcação para alertar Lázaro Chogongo sobre a direcção errada que estava a tomar. Mas o piloto não atendeu a solicitação.

Lázaro Chogongo estava ao telefone ao mesmo tempo que pilotava o “Mapapai 0”. Até podia ser hábito, mas naquela sexta-feira, a atitude foi fatal: matou uma pessoa e submeteu outras 31 a um pânico absoluto.

Senti que morri”, lembra Dinis Elias, um dos passageiros que viajava a bordo da pequena embarcação que desde a década de 90 fazia a travessia Maputo-Catembe. Elias é abastecedor de combustível e regressava de mais uma jornada de trabalho. Optou pelo Mapapai para conseguir cumprir um compromisso as nove horas, atendendo que aquela embarcação leva menos tempo de viagem em relação aos ferryboats.

Passavam menos de 30 minutos das oito horas e no meio do canal o difícil aconteceu: a embarcação deixou a sua rota e foi contra o ferryboat Pfumu. “Só vi quando o barquinho estava a menos de um metro do embate. Um dos colegas do piloto já tinha alertado, mas ele não correspondeu. Os outros passageiros dizem que ele tinha auriculares e estava ao telemóvel”, revela Dinis.

Após a colisão, todos os passageiros e tripulação tenderam para o mesmo lado e a embarcação virou. Seguiram-se seis minutos de total pânico e desespero. Dinis Elias aparece nas primeiras imagens captadas pelos passageiros do ferryboat, ajudando outras vítimas a subir para a embarcação virada. Os passageiros do “Pfumu” também em pânico assobiavam e gritavam por resgate. Houve quem chegou a chorar ao ver o cenário dramático.

Recomendado para si:  Enfermeiros em Moçambique exigem melhorias nas condições laborais

Minutos depois chegou o socorro. A embarcação era da companhia que está a construir a ponte Maputo-Catembe. Dinis e os primeiros sobreviventes foram resgatados, mas outros passageiros estavam na cave do “Mapapai” e tiveram que permanecer na embarcação até que fosse puxada para margem. Nelsa Tembe estava no interior e guarda estórias dos 25 minutos de aflição. “Dentro do barquinho só tínhamos um pequeno espaço de ar e tínhamos que esforçar os pescoços para poder respirar”, lembra Tembe, que conta ainda que na tentativa de sair do barquinho os outros passageiros a pisavam com sapatos, tendendo a ir cada vez mais para o fundo do mar. Estavam a mais de 100 metros da margem da Catembe e a 15 metros de profundidade.

Os sobreviventes foram levados de emergência para o Centro de Saúde da Catembe e os mais graves para o Hospital Central de Maputo.

O Instituto Nacional da Marinha abriu uma investigação para esclarecer o caso.

O País