Destaque Mais de 100 mil pessoas perderão terras no corredor de Nacala

Mais de 100 mil pessoas perderão terras no corredor de Nacala

Das mais de 500 mil pessoas, mais de 100 mil serão removidas das suas terras e casas nas comunidades ao longo das margens do rio Lúrio das províncias de Niassa e Cabo Delgado, caso o Conselho de Ministros de Moçambique decida aprovar o chamado Projecto de Desenvolvimento do Vale do Rio Lurio (DVRL), no Corredor de Nacala.

Trata-se de um projecto que insere-se num contexto de rápida transformação e conversão do chamado corredor de Nacala em epicentro de penetração de disputa pelo controlo de terra e agua, pelas grandes corporações internacionais, incluindo agências de cooperação internacional.

Este projecto, foi apresentado em restrito, em Janeiro do ano passado, tendo reunido representantes do governo de cooperação internacional e do sector privado, agências de cooperação internacional e do sector, com o qual pretende-se ocupar mais de 240 mil hectares para produção de monoculturas destinadas a exportação de algodão, milho, açúcar e exploração pecuária.

Prevê-se de igual modo, a construção de duas barragens sobre o rio Lúrio para a produção de energia eléctrica, com uma capacidade de 40 MW e 15 MW, respectivamente, e um sistema de irrigação.

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Este projecto, segundo a Acção Académica para o Desenvolvimento da Comunidades Rurais (ADECRU), será implementado por uma empresa  já criada, denominada Companhia do Vale do Rio Lurio (DVRL), sob gestão do consórcio TurnConsult (empresa de prestação de serviços na área de Turismo) e Agricane (empresa sul-africana de produção de cana e prestação de serviços de consultoria).

Entretanto, membros da ADECRU, visitaram no inicio do mês em curso, o vale do rio Lurio e,  mantendo dialogo com comunidades do distrito de Chiuri em Cabo Delgado e Erati em Nampula,  constatou-se que as mesmas, desconhecem o projecto de desenvolvimento do vale do rio Lurio, devido ao alto nivel de secretismo com o qual o assunto e tratado.