Algumas individualidades do partido Frelimo estão a pressionar a direcção Editorial do jornal ExpressoMoz para que esta revele os nomes das pessoas que passaram a informação sobre o alegado envolvimento do secretário-geral da Frelimo, Filipe Paúnde, na venda de isenções aduaneiras do partido a terceiros. Caso o jornal não revele, ameaçam com um processo que pode levar ao encerramento do mesmo.
A edição do jornal ExpressoMoz da semana passada fez manchete com um alegado escândalo de venda de isenções aduaneiras que o partido tem direito a terceiros. Segundo aquele jornal, as tais viaturas são importadas em nome do partido Frelimo, ficando isentas de taxas, mas depois são encaminhadas a terceiros ou a empresas vocacionadas na venda de viaturas.
Paúnde processa “ExpressoMoz”
A manchete do “ExpressoMoz” veio atiçar ainda mais as guerrinhas internas no partido Frelimo. O secretário-geral da Frelimo entendeu que está a ser vítima de uma “cabala” para o fragilizar ainda mais e decidiu avançar com um processo-crime contra o jornal. Na passada quinta-feira, o secretário-geral da Frelimo, Filipe Paúnde, levantou um processo-crime contra a direcção do jornal ExpressoMoz por “injúria e calúnia”. Mas a direcção do jornal ainda não foi notificada.
Guebuza exigiu explicações
O Canalmoz sabe que o chefe de Estado e presidente do partido Frelimo, Armando Guebuza, terá exigido explicações, e chamou, para o seu gabinete, Edson Macuácua e o director do SISE, para explicarem o que se estava a passar. Edson Macuácua foi chamado a dar explicações porque é tido como muito próximo ao jornal ExpressoMoz e alguns chegam mesmo a dizer que é o verdadeiro dono do jornal.
Edson Macuácua pede explicações a Anselmo Sengo e exige o “impossível”
Muito irritado com a situação, Edson Macuácua mandou chamar, na passada quarta-feira, o director Editorial do “ExpressoMoz”, Anselmo Sengo, para exigir explicações. Numa reunião que teve lugar no seu gabinete no 9.º andar da Sede Nacional da Frelimo, na rua Pereira do Lago, Edson Macuácua exigiu que Anselmo Sengo revelasse as fontes que deram informações ao jornal. De facto Anselmo Sengo foi visto a entrar no edifício do Comité Central na passada quarta-feira por volta das 9 horas e só saiu por volta das 11h30min. Ao que o Canalmoz soube, Sengo terá dito a Macuácua que não sabia quem eram as fontes porque a matéria foi escrita por um repórter seu e não por ele. Foi assim que Macuácua ordenou a Anselmo Sengo a fazer ataques a alvos do partido que, na sua óptica, terão dado a informação.
Macuácua nega tudo e Sengo recusa-se a comentar
Para o contraditório o Canalmoz falou com Edson Macuácua e o director do “ExpressoMoz”, Anselmo Sengo. Edson Macuácua negou todas as informações e diz que não tem absolutamente nada a ver com o jornal e que não se reuniu com Anselmo Sengo. “Não tenho absolutamente nenhuma relação com o jornal e não me reuni com o director do jornal”, disse. Por seu turno, Anselmo Sengo negou fazer qualquer comentário adicional sobre o assunto, tendo apenas dito que ainda não foi notificado pelo tribunal. Sobre a reunião e as pressões de que tem sido vítima, Sengo recusou-se a comentar. “Desculpe-me, mas não quero comentar sobre isso”, disse Sengo sem afirmar nem desmentir. Mais detalhes sobre o assunto, no semanário Canal de Moçambique que estará nas bancas esta quarta-feira.