Sociedade Criminalidade Taxista moçambicano morto na RAS: Autópsia revela crueldade dos polícias

Taxista moçambicano morto na RAS: Autópsia revela crueldade dos polícias

Cortes profundos na face e nos membros superiores e inferiores (braços e pernas), pulmão afectado, órgãos genitais danificados e cheios de sangue, são algumas das principais conclusões a que chegou a equipa de médicos sul-africanos que realizou a autopsia do corpo do jovem taxista moçambicano, Emídio (Mido) Macie.

A equipa de peritos chegou à conclusão que a causa da morte de Mido Macie foi hemorragia. Ou seja, a vítima morreu depois de ter sido brutalmente espancado e com fracturas praticamente em todo corpo.

O relatório da Medicina Legal a que o Noticias teve acesso, com exclusividade, indica que ele perdeu a vida no dia 26 de Fevereiro de 2013. Desconhece-se o tempo exacto da morte, mas estima-se que tenha sido aproximadamente as 19 horas. O local da morte foi na cela dos Serviços da Policia Sul-africana (SAPS), em Daveyton, arredores de Joanesburgo.

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A primeira autópsia foi conduzida pelo Dr. Solly Skosana, isto no dia 27, um dia após a confirmação do óbito. Skosana foi acompanhado por uma equipa de oito médicos especialistas. A segunda autópsia foi realizada pela Myselt, um escritório também abalizado na matéria, isto no dia 4 de Março corrente.

Todas as autópsias confirmaram que Mido Macie morreu enquanto estava sob custódia policial. As principais causas da morte foram: cortes profundos na face e nos membros de todo o corpo.

Lesões e cortes profundos nos antebraços e punhos, com maior gravidade no braço direito. Lacerações de espessura grande na cabeça e contusões de fissura subcutânea e nos músculos das costas e antebraços.

O relatório médico indica ainda que Mido Macie sofreu contusões nos músculos inter-costais e foi gravemente ferido do lado inferior do pulmão esquerdo e nos testículos. Teve ainda petequias na pleura e pericárdio, assim como hemorragia subaracnóide e hemorragia focal no quarto ventrículo, para além de hematomas no aspecto interno do lábio superior da boca.

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Teve ainda marcas de mordida na língua o que, segundo o relatório médico, aconteceu quando eventualmente foi atingido na boca quando tentava falar ou gritar. O exame histológico revelou edema cerebral e congestão generalizada, para além de congestão pulmonar. As constatações médicas detectaram ainda 35 mm de lacerações no lado esquerdo da parte de trás da cabeça, 20 mm de lacerações na linha média da parte de trás da cabeça, 28 mm de lacerações no lado esquerdo. Ainda, foi detectada 20 mm de lacerações no lado direito da parte inferior da face ao longo da borda da mandíbula e o pé direito com lesões.

O quadro médico revela ainda cortes na parte superior e direito da testa, na bochecha esquerda, e corte sobre o nariz. Cortes igualmente em todo o antebraço direito, alguns foram lineares e outros circunferenciais. Em todas as pernas foram detectadas lesões graves, bem como nas nádegas, o que poderá ter sido causado pelo arrastão que sofreu após ter sido algemado na parte traseira do carro da polícia sul-africana e arrastado por cerca de 400 metros.

Nos dedos das mãos, pulsos, pescoço, ombros e nas costas foram também detectadas lesões profundas. Estas contusões juntam-se aos hematomas detectados nas costas e na coluna vertebral. A vítima teve ainda os dentes partidos, os órgãos genitais totalmente destruídos, lesões na cabeça, pescoço e no crânio. A roupa da vítima estava banhada de sangue.

Entretanto, os agentes da Polícia sul-africana implicados no assassinato do jovem taxista voltam hoje ao tribunal, para o corpo de jurado analisar se devem ou não beneficiar da caução. Mais pormenores na CAPITAL, da presente edição.