A outorga dos “Honoris Causa” a Reinata Sadimba e Alberto Chissano espelhou o reconhecimento pelo génio destes dois artistas, fontes de inspiração para muitos outros, imberbes ou de barba rija no campo cultural. O Presidente Guebuza, que entrelaçou a importância num paralelismo entre a mais humilde das nossas manifestações culturais e a necessidade de trazê-la à academia, desafiou os primeiros licenciados do ISArC no sentido de aplicarem-se na aproximação da academia ao saber milenar dos moçambicanos, “uma fórmula eficaz não só de descoberta e incentivo de mais talentos do calibre de Chissano e da Reinata, mas também de teorização das nossas manifestações culturais e de cristalização da nossa matriz identitária como um povo”.
Na explanação do Presidente, a formação de quadros na arena cultural bem como o reconhecimento ao génio daqueles que autodidactas ou provenientes da gesta cultural ancestral dos moçambicanos, a formação de quadros nesta área é o corolário de uma necessidade identitária reivindicada a partir de 1962, quando começou a guerra de libertação nacional, justamente por a cultura nacional ter sido relegada, pelo poder colonial, à uma condição de desprezível. Pela vitória dessa luta, Moçambique pôde afirmar-se e contribuir inclusivamente para a cultura universal, por exemplo através do nyau e da timbila, reconhecidos pela UNESCO como obras-primas do património oral e imaterial da humanidade.
Entretanto, o director do Instituto, Filimone Meigos, que se referiu à cerimónia como “a primeira colheita do sonho ISArC”, que consiste em formar e preparar profissionais em várias áreas de especialidade, capazes de participar no desenvolvimento artístico e cultural do país, fez um vigoroso apelo ao Estado e aos demais segmentos da sociedade moçambicana para a absorção dos graduados.
“O ISArC fez a sua parte, aqui estão os primeiros graduados de Gestão e Estudos da Cultura, Design e Artes Visuais. Cabe agora a outros sectores do Estado, instituições públicas e o empresariado fazerem também a sua parte absorvendo estes jovens licenciados no mercado do trabalho. Porque o Estado investiu, o resultado está aqui e esse investimento não se pode deixar perder a bem da arte e cultura moçambicana”, observou Meigos, ante uma forte ovação dos graduados e demais presentes num lotado salão do Centro Cultural do Banco de Moçambique.