O presidente da Rússia, Vladimir Putin, reafirmou durante uma reunião em Pequim com o primeiro-ministro eslovaco Robert Fico, a sua recusa em comprometer a segurança da Rússia para alcançar um acordo de paz com a Ucrânia, invadida por Moscovo em Fevereiro de 2022.
“É uma decisão da Ucrânia escolher como garantir a sua segurança”, declarou Putin, sublinhando que “a sua segurança não pode ser garantida em detrimento da segurança de outros países, incluindo a Rússia”. Esta declaração repete um argumento que o líder russo tem utilizado desde o início da invasão.
A Ucrânia, que procura adesão à NATO, a qual é fortemente contestada por Moscovo, busca garantias de segurança que a protejam de uma nova invasão russa, no contexto de um potencial acordo para o fim do conflito. O país já havia recebido garantias de segurança em 1994, através do Memorando de Budapeste, assinado com a Rússia, os Estados Unidos e o Reino Unido, em troca da renúncia ao seu arsenal nuclear soviético.
No entanto, essas garantias não impediram a Rússia de invadir a Ucrânia em 2014, quando anexou a Península da Crimeia e apoiou um movimento separatista no Donbass, e novamente em Fevereiro de 2022.
Putin e Fico estão em Pequim para assistir a um desfile militar em celebração dos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, presidido pelo líder da República Popular da China, Xi Jinping. O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, também se encontra na cidade para o evento, tendo chegado em um comboio blindado após sair de Pyongyang.
Durante a sua conversa com Fico, Putin desvalorizou as suspeitas de que a Rússia estaria a planear um ataque a outro país europeu, classificando-as como “um disparate completo” sem qualquer fundamento. Acusou os europeus de tentar provocar “histeria” em torno da suposta intenção da Rússia de atacar a Europa, referindo que “qualquer pessoa em sã consciência sabe que a Rússia nunca teve, não tem e nunca terá o desejo de atacar ninguém”.
Putin reiterou que o conflito na Ucrânia não teve início com a invasão de 2022, mas sim com um alegado “golpe de Estado” em 2014, que resultou na deposição do presidente pró-russo Viktor Yanukovych. O presidente russo também se manifestou contra a adesão da Ucrânia à NATO, ao mesmo tempo que expressou apoio à sua entrada na União Europeia, uma posição que Fico também alinhou. O líder russo criticou a Aliança Atlântica por tentar absorver “praticamente todo o espaço pós-soviético”.