O governo venezuelano, sob a liderança de Nicolás Maduro, intensificou a sua retórica contra a administração de Luiz Inácio Lula da Silva, ameaçando adoptar “as medidas necessárias” em resposta ao veto da Venezuela no BRICS e às recentes declarações do assessor especial de Lula para Assuntos Internacionais, Celso Amorim.
A declaração, que assume um tom de ameaça, foi divulgada na quarta-feira pelo Ministério das Relações Exteriores da Venezuela.
“O governo da Venezuela reserva-se, no âmbito da sua política exterior, o direito de implementar as acções necessárias em resposta a uma postura que compromete a colaboração e o trabalho conjunto que têm sido desenvolvidos até agora em todos os espaços multilaterais”, lê-se no comunicado oficial.
Este aviso surge na sequência da convocação do encarregado de Negócios da Embaixada do Brasil em Caracas, Breno Hermann, que foi chamado a manifestar “o mais firme repúdio” às declarações de autoridades brasileiras. Adicionalmente, o embaixador venezuelano em Brasília, Manuel Vadell, foi igualmente chamado de volta a Caracas.
Celso Amorim, ex-chanceler e uma das figuras centrais na política externa do governo Lula, foi especificamente mencionado no comunicado, sendo rotulado de “mensageiro do imperialismo norte-americano”. Este ataque ocorre após Amorim ter participado de uma sessão na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, onde abordou questões relacionadas à Venezuela, expressando um “mal-estar” entre os dois países e justificando o veto brasileiro no BRICS.
Amorim destacou que o Brasil considera que novos membros do BRICS devem ter “influência e capacidade de representar a região”, um critério que, segundo o governo Lula, não se aplica à actual administração venezuelana.
A escalada nas tensões entre Brasil e Venezuela reflete um momento delicado nas relações diplomáticas entre os dois países, que, historicamente, oscilaram entre a cooperação e a rivalidade. A concretização das ameaças por parte do governo Maduro poderá ter implicações significativas não apenas para a política externa do Brasil, mas também para a dinâmica regional na América do Sul.