O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, destituiu na terça-feira o presidente da estatal Petrobras, Jean-Paul Prates, após meses de divergências com alguns ministros do governo.
Jean-Paul Prates, que assumiu o cargo em janeiro de 2023 nomeado pelo próprio Lula, será substituído após um pedido seu ao Conselho de Administração da Petrobras, controlado pelo governo, para que “se reúna e aprecie o encerramento antecipado de seu mandato”. Prates também planeia renunciar ao cargo de membro do Conselho de Administração da empresa, conforme indicado no comunicado da Petrobras.
Lula propôs Magda Chambriard, ex-diretora da Agência Nacional do Petróleo (ANP) durante o governo de Dilma Rousseff, para substituir Prates. Chambriard tem uma vasta experiência no setor petrolífero e é vista como uma figura capaz de liderar a Petrobras.
Prates, formado em Direito e Economia, trouxe para a Petrobras mais de 30 anos de experiência no setor. Durante o seu mandato, ele sublinhou a importância estratégica da empresa para o crescimento económico do Brasil, alinhando-se com a visão de Lula. Ele anunciou um plano de investimentos ambicioso de 102 mil milhões de dólares (cerca de 94,3 mil milhões de euros) entre 2024 e 2028, alterou a política de preços e retomou projetos de refinação que tinham sido paralisados na administração de Jair Bolsonaro.
Contudo, o lucro líquido da Petrobras registou uma queda significativa de 33,8% em 2023 comparado a 2022 e no primeiro trimestre deste ano, uma queda de 37,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esta situação financeira gerou uma crise interna relacionada com a distribuição de dividendos extraordinários para o exercício de 2023, aumentando as tensões dentro da empresa e no governo.
Prates defendia a distribuição dos dividendos, mas o governo era contra, o que gerou um conflito com alguns ministros e afetou o desempenho da empresa na bolsa de valores. Lula, em entrevista ao canal SBT, afirmou que queria que os lucros extraordinários da Petrobras fossem reinvestidos em vez de distribuídos, para beneficiar os 200 milhões de brasileiros que são os verdadeiros proprietários da empresa.
Apesar de uma solução intermediária ter sido encontrada, com a aprovação da distribuição de 50% dos dividendos extraordinários de 2023, Lula decidiu que uma mudança na liderança da Petrobras era necessária. Esta decisão foi tomada na véspera de uma viagem do presidente ao estado do Rio Grande do Sul, que está a enfrentar graves inundações.