O porta-voz da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) afirmou que o partido vai apostar na candidatura do atual presidente para as eleições presidenciais do próximo ano, apesar das críticas de setores que pedem a sua renúncia, acusando-o de falta de ação.
“Ossufo Momade é o nosso candidato e tem sido um presidente de sucesso para o partido”, afirmou José Manteigas, porta-voz da Renamo, durante uma conferência de imprensa hoje em Maputo.
Nos últimos meses, a liderança da Renamo tem sido alvo de críticas internas e externas, com o antigo líder do braço armado do partido acusando Ossufo Momade de inação perante alegadas irregularidades nas eleições autárquicas a favor do partido no poder, assim como de negligência em relação à situação dos guerrilheiros do partido que foram desmobilizados recentemente.
“A liderança do partido e o presidente da Renamo não estão a tomar qualquer posição em relação às irregularidades [nas eleições]. Parece-me que ele foi comprado. Há municípios que nos foram tirados e ele parece estar inativo. Não diz nada sobre os problemas de desmobilização dos militares”, declarou Timosse Maquinze à Lusa, em dezembro, sendo que dentro da Renamo era designado como chefe do Estado-Maior General do braço armado até à desmilitarização do partido em 2019, como parte dos acordos de paz com o Governo.
Para o porta-voz do partido, a liderança de Ossufo Momade trouxe resultados positivos, destacando as eleições autárquicas onde o partido afirma ter vencido em várias áreas, incluindo na capital.
“É conhecido que a Renamo venceu em muitos municípios nas eleições autárquicas, e esta vitória é um sinal de uma boa liderança”, sublinhou José Manteigas.
Ossufo Momade assumiu a liderança da Renamo em 2018 após a morte de Afonso Dhlakama, o líder histórico e fundador do partido que faleceu em maio do mesmo ano devido a doença.
As eleições gerais, incluindo as sétimas presidenciais, estão marcadas para 9 de outubro, com um custo de aproximadamente 6,5 mil milhões de meticais (cerca de 96,3 milhões de euros), conforme indicado pelo Governo no Orçamento do Estado para 2024.
Além de anunciar Ossufo Momade como o candidato da Renamo, o porta-voz do principal partido de oposição em Moçambique criticou a declaração da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, como vencedora na repetição das eleições em quatro municípios do país, alcançando a vitória em 60 dos 65 municípios do país nas últimas eleições autárquicas.
“A validação e declaração de resultados eleitorais problemáticos, como é habitual, representa o apoio do Conselho Constitucional à fraude eleitoral que tem sido prática comum nesta instituição, esperava-se que fosse um órgão legal imparcial”, declarou o porta-voz da Renamo.
A repetição da votação de 11 de outubro ocorreu a 10 de dezembro em 18 assembleias de voto em Nacala-Porto (província de Nampula), três em Milange e 13 em Gurúè (Zambézia), e em todas as 41 assembleias de voto em Marromeu (Sofala), quatro municípios onde o processo eleitoral não foi validado pelo Conselho Constitucional devido a irregularidades.
As sextas eleições autárquicas em Moçambique foram fortemente contestadas pela oposição, que não reconheceu os resultados oficiais, e pela sociedade civil, alegando uma “megafraude”, o que resultou em dezenas de manifestações por todo o país.
A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), o maior partido de oposição, reivindica vitória nas maiores cidades do país, incluindo Maputo, com base na contagem paralela através das atas e editais originais nestas eleições, mas foi declarada vencedora em apenas quatro municípios, metade do número anterior, enquanto o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) manteve o município da Beira.”