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Ex-ministro da Malásia é acusado de não declarar bens em escândalo de corrupção

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A Malásia acusou um ex-ministro de não declarar bens, no mais recente avanço numa investigação sobre corrupção a várias pessoas ligadas ao ex-primeiro-ministro Mahathir Mohamed.

O ex-ministro das Finanças Daim Zainuddin, de 85 anos, foi acusado de não declarar 71 bens, desde carros de luxo até uma série de empresas, propriedades e terrenos. O crime punível com uma pena máxima de cinco anos de prisão.

Daim, que deixou o cargo há mais de 20 anos, declarou-se inocente da acusação e disse que a investigação tem motivação política.

“O primeiro-ministro Anwar Ibrahim é um lobo em pele de cordeiro que clamava por reformas”, disse Daim. “Em vez disso, ele abusou das instituições governamentais para perseguir os inimigos políticos.”

Daim também lembrou que o Ministério Público retirou no ano passado 47 acusações de corrupção contra o atual vice-primeiro-ministro malaio, Ahmad Zahid Hamidi.

“Não estou muito preocupado com o meu destino agora. Deixem Anwar atirar tudo contra mim. Mas temo pelo destino do meu país”, disse Daim.

A esposa de Daim também foi acusada de não declarar bens.

Daim, um dos magnatas mais ricos do país, insistiu que os seus ativos no estrangeiro foram o resultado de atividades comerciais e investimentos legítimos.

Daim ocupou a pasta das Finanças entre 1984 e 1989 e novamente entre 1999 e 2001, no governo do então primeiro-ministro Mahathir Mohamed.

Em novembro, também o líder da oposição da Malásia, Muhyiddin Yassin, acusou Anwar Ibrahim de “perseguição política organizada” para desacreditar o partido islamita Bersatu.

Anwar Ibrahim negou que as acusações tenham motivação política. A MACC e o Ministério Público também rejeitaram que tenha havido interferência política na investigação.

Mahathir e Anwar têm dominado a política da Malásia nas últimas décadas. Mahathir nomeou Anwar como sucessor nos anos de 1990, antes de desentendimentos durante a crise financeira asiática.

Anwar foi posteriormente preso por corrupção e sodomia, acusações que, afirmou, foram inventadas para acabar com a sua carreira política.

A dupla reconciliou-se para vencer as eleições gerais de 2018 para derrubar a coligação liderada pelo Bersatu.

Mahathir tornou-se primeiro-ministro pela segunda vez, num acordo que exigia que entregasse mais tarde o poder a Anwar, uma aliança que voltou a cair devido a lutas internas.

A investigação sobre corrupção a várias pessoas ligadas a Mahathir Mohamed tem o potencial de ter um impacto significativo na política da Malásia.

Se as acusações contra Daim e outros forem provadas, isso poderia levar a condenações e penas de prisão, o que poderia enfraquecer a influência de Mahathir e seus aliados.

A investigação também poderia aprofundar as divisões políticas na Malásia, já que os dois principais partidos políticos, o Pakatan Harapan, liderado por Anwar Ibrahim, e o Bersatu, liderado por Muhyiddin Yassin, acusam-se mutuamente de corrupção.

No longo prazo, a investigação poderia levar a mudanças nas leis anticorrupção da Malásia, tornando-as mais rigorosas e difíceis de contornar.