Internacional Arábia Saudita “expulsa” companhia aérea do Qatar

Arábia Saudita “expulsa” companhia aérea do Qatar

O Governo da Arábia Saudita retirou a autorização de operação da companhia aérea Qatar Airways e ordenou o encerramento dos seus escritórios no país em 48 horas, um dia após Riade romper relações diplomáticas com Doha.

A medida foi tomada pela Autoridade da Aviação Civil da Arábia Saudita e divulgada em comunicado.

A decisão, que terá consequências económicas sobre a companhia aérea, afectará também os trabalhadores da Qatar Airways, muitos dos quais expatriados, que perderão as suas autorizações de trabalho e de residência no reino saudita.

A Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, o Egito e o Bahrein, os primeiros países que anunciaram na segunda-feira o corte de relações diplomáticas com Doha, também anunciaram o encerramento dos respectivos espaços aéreos às companhias aéreas do Qatar.

Todas as rotas da Qatar Airways com destino ao ocidente viram o seu trajecto alterado e começaram a passar pelo espaço aéreo do Irão e da Turquia, informaram as páginas electrónicas Flight Radar e Flight Aware, que monitorizam os voos em tempo real.

Já hoje a Qatar Airways anunciou a suspensão de todos os voos de e para a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egipto “até nova ordem”.

A medida surge depois de sete companhias aéreas terem anunciado, na segunda-feira, a suspensão dos voos de e para Doha na sequência do corte de relações diplomáticas entre uma série de países e o Qatar.

Além dos quatro países, também romperam relações diplomáticas com o Qatar as Maldivas e os governos apoiados pela Arábia Saudita nos conflitos do Iémen e da Líbia, naquela que é a mais grave crise regional desde a guerra do Golfo de 1991.

Recomendado para si:  Hong Kong regista primeira morte associada à febre chikungunya

Estes países justificaram as medidas com o suposto apoio de Doha a “organizações terroristas”, entre as quais a Irmandade Muçulmana, o Estado Islâmico ou a Al-Qaida.

A ruptura de relações foi acompanhada por um conjunto de medidas que implicam o isolamento do Qatar, anfitrião do Mundial de Futebol 2022, com o encerramento de fronteiras terrestres e marítimas, proibições de sobrevoo e restrições à deslocação de pessoas.

A crise diplomática culmina anos de tensões na aliança entre os produtores de petróleo do Golfo e reflecte uma irritação crescente dos países vizinhos com o apoio do Qatar a organizações que os outros Estados árabes consideram terroristas.

Alguns analistas relacionam também o agravamento da situação com a recente viagem do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à região, marcada pelo reforço dos laços com a Arábia Saudita e pelo apelo aos líderes árabes para que assumam a luta contra o terrorismo.

Dias depois da visita, o Qatar anunciou que a sua agência oficial, QNA, foi “pirateada por uma entidade desconhecida” e que “declarações falsas” sobre o Irão, o Hezbollah, o Hamas e a Irmandade Muçulmana foram atribuídas ao emir.

As acusações ao Qatar de apoio ao terrorismo são recorrentes, mas Doha nega-as.

O Qatar acolhe no seu território dirigentes do Hamas – como Khaled Meshaal – e da Irmandade Muçulmana – como Yussef al-Qaradaoui, consideradas organizações terroristas pelos países vizinhos.

O país é também acusado de laxismo na luta contra o financiamento do terrorismo através de fundos privados.

JN