Com o caos instalado em Homoíne, na província de Inhambane, a sul de Moçambique, e a população a fugir em debandada devido à informação de alegada presença de homens armados da Renamo, o Governo moçambicano é acusado de interferir na programação e emissão de noticiários da Rádio Comunitária de Homoíne, segundo os colaboradores daquela estação.
Segundo um colaborador da Rádio que pediu anonimato, na manhã desta segunda-feira, o senhor Benedito Cuna, quadro local do partido Frelimo e que estranhamente também faz parte do comité de gestão da Rádio, foi à estação informar que fora mandatado pelos seus “superiores” para informar aos colaboradores da rádio para pararem de dar informações, o que está a acontecer no distrito. Cuna não explicou, segundo a nossa fonte, por que razão a rádio não devia informar às pessoas sobre o que se está a passar.
Mas disse que caso não parassem de dar informação sobre o que está a passar, todos os colaboradores sofreriam consequências. O Canalmoz contactou o coordenador da Rádio, Berlaves Alexandre, que confirmou a ida de um membro da Frelimo à Rádio para “negociar” a não difusão de informação sobre o ambiente de pânico que se vive naquela região, desde o anúncio público, a semana passada, por parte de um líder comunitário, da alegada presença de “homens armados da Renamo”.
Berlaves disse que a Rádio não está encerrada, mas parou de dar informações sobre a situação do distrito, por medo de represálias. “A Rádio não foi encerrada, mas não estamos a dar informação sobre o que se está a passar”, disse não tendo avançado quando irão retomar a difusão de informação.
O Canalmoz também contactou a assessoria de Imprensa da Fórum das Rádios Comunitárias de Moçambique (FORCOM) que confirmou a intimidação dos colaboradores da Rádio por pessoas “estranhas” à gestão da rádio. A Rádio Comunitária de Homoíne, é uma das importantes fontes de informação do distrito. É propriedade da comunidade no âmbito do projecto da UNESCO, e faz parte do Fórum das Rádios Comunitárias de Moçambique.