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Aumento de mortes por cólera no Sudão do Sul devido à redução da ajuda dos EUA

A ONG Save the Children denunciou uma situação alarmante no Sudão do Sul, onde crianças e adultos têm perdido a vida devido à cólera, exacerbada pela recente diminuição da ajuda financeira dos Estados Unidos.

Cinco crianças e três adultos faleceram recentemente no condado de Akobo, localizado a leste do país, enquanto tentavam percorrer a pé uma distância de três horas até uma clínica de saúde. As vítimas não conseguiram suportar a extenuante viagem sob um sol escaldante, sem acesso a água potável ou a medicamentos essenciais.

“No início deste ano, estas crianças e adultos poderiam ter recebido tratamento vital em um dos 27 centros de saúde apoiados pela Save the Children no condado de Akobo”, afirmou a organização, relembrando a gravidade da situação.

Actualmente, o Sudão do Sul enfrenta a sua pior epidemia de cólera em duas décadas, com mais de 40 mil casos confirmados, sendo metade destes em crianças com menos de 15 anos. Entre Setembro de 2022 e Março de 2023, foram registadas quase 700 mortes, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

A administração de Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, desmantelou significativa parte da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), que historicamente tem sido responsável por 42% da ajuda humanitária mundial, com um orçamento que ultrapassa os 42,8 mil milhões de dólares. Esta redução impactou severamente a operação da Save the Children, resultando no corte de 83% dos programas financiados pelos EUA.

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A ONG britânica foi forçada a repatriar um terço dos seus funcionários e, no condado de Akobo, sete das 27 clínicas que apoiava encerraram, enquanto as restantes 20 operam apenas de forma parcial. Os serviços de transporte de emergência para doentes também foram suspensos, agravando ainda mais a crise.

Segundo o UNICEF, nove dos dez estados do Sudão do Sul estão a ser afectados por esta epidemia de cólera. O país, rico em recursos petrolíferos, enfrenta também uma pobreza extrema e conflitos armados em várias regiões, que têm deslocado dezenas de milhares de pessoas.

Em um desenvolvimento adicional que preocupa analistas, a detenção do vice-presidente sul-sudanês, Riek Machar, pelas forças leais ao presidente Salva Kiir, sugere uma intensificação das tensões, levantando temores de um novo conflito. Entre 2013 e 2018, os confrontos entre os apoiadores dos dois líderes resultaram em cerca de 400 mil mortes e mais de quatro milhões de deslocados.