Pelo menos 11 empresas na capital moçambicana, Maputo, encerraram temporariamente as suas portas em consequência das vandalizações e distúrbios ocorridos durante as manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.
A confirmação foi feita na terça-feira por empresários locais, que apelam ao Governo para melhorar a comunicação em torno da situação, de modo a evitar o “caos” que se instalou na cidade.
O presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Vuma, destacou que, até ao momento, não se registaram encerramentos definitivos de empresas, mas sim uma tentativa de repor o funcionamento das infraestruturas afectadas. “Temos um conjunto de 11 empresas, na sua maioria na cidade de Maputo. Até agora, as iniciativas de encerramento que testemunhamos têm a ver com a reposição das actividades”, afirmou.
Desde 21 de Outubro, Moçambique tem enfrentado uma onda de paralisações e manifestações, instigadas por Venâncio Mondlane, que não aceita os resultados das eleições gerais que deram a vitória a Daniel Chapo e à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder.
As manifestações, que frequentemente se tornaram violentas, resultaram em mortes, feridos, detenções, destruição de infraestruturas e saques a estabelecimentos comerciais, sendo o dia 7 de Novembro especialmente marcado por actos de vandalismo.
Vuma citou o exemplo da cadeia de supermercados sul-africana Shoprite, que se viu forçada a encerrar temporariamente as suas lojas em Maputo após as manifestações. Relatou que duas das suas lojas foram alvo de vandalização, onde os agressores não utilizaram portas ou chaves, mas sim quebraram vidros e portas de entrada.
A CTA expressou preocupação com casos de vandalização de infraestruturas públicas e privadas e pediu ao Governo que acompanhe os incidentes que envolvem, alegadamente, a actuação das autoridades policiais.
Vuma referiu-se a imagens que circularam nas redes sociais, nas quais membros da polícia moçambicana aparecem supostamente a recuperar produtos de saques durante os tumultos. “A nossa preocupação é que a informação é fundamental, e se um vídeo que exibe o saque circula e envolve aqueles que nos devem proteger, a nossa preocupação aumenta na ausência de uma comunicação clara das autoridades”, sublinhou.