O dirigente oposicionista russo Alexei Navalny foi considerado culpado, na terça-feira, de uma “fraude” que “envolve grandes quantias de dinheiro”, tendo a Procuradoria pedido uma sentença de 13 anos de prisão.
“Navalny cometeu fraude. Quer dizer: apropriação de bens alheios através do engano e do abuso de confiança”, disse a juíza Margarita Kotova, citada pela agência Interfax.
A juíza falava na prisão onde Alexei Navalny se encontra detido desde que regressou à Rússia em Janeiro de 2021, depois de ter estado em convalescença num hospital na Alemanha na sequência de envenenamento.
O caso de fraude contra o oposicionista que fundou centros de denúncia anticorrupção na Rússia está a ser julgado desde o ano passado.
A procuradoria pediu na semana passada que a pena de prisão de dois anos e meio que Navalny cumpre seja aumentada para 13 anos de cadeia.
O ativista russo de 45 anos está a ser julgado no estabelecimento prisional onde se encontra, a 100 quilómetros de Moscovo, numa sala de tribunal improvisada no local.
Segundo a agência France Presse, Navalny compareceu na sessão de hoje com o tradicional uniforme prisional aparentando estar mais magro, mas mostrando boa disposição na conversa que manteve com os advogados de defesa.
Sem surpresa, a juíza Margarita Kotova apontou Navalny como “culpado” e a sessão pode ainda prolongar-se durante várias horas antes da leitura da condenação.
“Navalny cometeu fraude e o roubo de bens através de um grupo organizado”, disse a juíza, acrescentando que o réu faltou ao respeito ao tribunal “insultando um juiz” durante o julgamento.
Dependendo do veredicto, Alexei Navalny pode vir a ser transferido, a pedido da Procuradoria, para uma prisão de “regime severo” e mais afastada da cidade de Moscovo onde as condições de detenção são muito mais duras.
Cerca de uma centena de jornalistas assistem à leitura da sentença numa sala de imprensa contígua ao tribunal, no estabelecimento prisional, através de um circuito interno de televisão.
De acordo com a AFP, não estão presentes apoiantes, ativistas ou figuras próximas de Navalny, que conta apenas com os advogados de defesa, numa altura em que se verifica uma vaga de intimidação contra as vozes críticas do Kremlin.