Destaque Frelimo saúda ação diplomática do governo, oposição aponta “incapacidade”

Frelimo saúda ação diplomática do governo, oposição aponta “incapacidade”

A Frelimo, partido no poder em Moçambique, considerou “excelente” a ação diplomática do executivo em relação aos ataques em Cabo Delgado. No entanto, os partidos da oposição têm opiniões diferentes.

A Frelimo, partido no poder em Moçambique, saudoua ação diplomática do governo na luta contra os grupos armados no norte do país, enquanto os dois partidos da oposição parlamentar apontaram a incapacidade em travar a violência armada. A atuação do governo no combate aos grupos armados em Cabo Delgado foi abordada numa sessão de perguntas e respostas entre os deputados do parlamento e os membros do executivo.

Ana Rita Sithole, deputada da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e membro da comissão permanente da Assembleia da República, considerou “excelente” a ação diplomática do executivo visando mobilizar o mundo para o que considerou de “jihadismo” internacional.

Vale a pena felicitar o nosso Governo pelo excelente trabalho de diplomacia para que a comunidade internacional se aproprie da luta que as nossas gloriosas Forças de Defesa e Segurança travam contra os terroristas”, declarou a deputada.

Os contactos que Maputo tem encetado junto dos parceiros internacionais, prosseguiu Ana Rita Sithole, têm permitido uma condenação firme à ação dos grupos armados e manifestações de solidariedade e apoio.

Mas a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro partido com assento parlamentar, fizeram uma leitura diferente da atuação do Governo em relação à violência armada em Cabo Delgado.

António Muchanga, destacado deputado da Renamo, acusou o governo de ter estado em negação durante muito tempo perante o crescimento da violência armada em Cabo Delgado.

Aqui, em sede do parlamento, não há muito tempo, o governo veio dizer que a questão de Cabo Delgado era um assunto do Estado moçambicano e que competia ao Estado moçambicano resolvê-lo”, afirmou Muchanga.

O deputado do principal partido da oposição acusou o executivo da Frelimo de “teimosia” na desvalorização da gravidade da situação em Cabo Delgado no início da crise militar na região. O MDM considerou que as Forças de Defesa e Segurança (FDS) estão a mostrar incapacidade no combate aos grupos armados e na proteção das populações.

“O que temos visto é uma clara incapacidade das FDS no combate aos grupos armados que protagonizam a barbárie em Cabo Delgado”, afirmou Fernando Bismarque, porta-voz e deputado do MDM. Bismarque considerou que as FDS estão impreparadas para proteger a população civil nas zonas atingidas pelos ataques armados e comunidades inteiras têm sido obrigadas a fugir da violência.

A violência armada em Cabo Delgado dura há três anos e está a provocar uma crise humanitária com cerca de 2.000 mortes e 435.000 pessoas deslocadas, sem habitação, nem alimentos suficientes – concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba.