Israel vai construir pela primeira vez em quase 20 anos habitações para colonos numa zona sensível de Hebron, cidade que é um “barril de pólvora” na Cisjordânia ocupada, indicou hoje uma organização não-governamental (ONG) israelita.
Num comunicado, a ONG anti-colonização Paz Agora refere que as autoridades israelitas informaram o tribunal de Jerusalém a 25 de outubro que as autorizações de construção para 31 habitações na cidade velha de Hebron estavam prestes a ser emitidas, embora recursos sobre a questão ainda não tenham sido examinados pela justiça.
O projeto foi aprovado pelo Conselho de Planificação Superior da Administração Civil em 2017 e o governo atribuiu-lhe mais de 21 milhões de shekels (cerca de 5,2 milhões de euros), mas a cidade palestiniana de Hebron e a Paz Agora recorreram.
Hebron é a única cidade palestiniana com colonatos no seu interior, onde vivem cerca de 800 judeus, a maioria por convicção ideológica, sob forte proteção policial, e à volta de 200.000 palestinianos. Na cidade situa-se o Túmulo dos Patriarcas, lugar sagrado para judeus, muçulmanos e cristãos.
Trata-se da primeira vez desde 2002 que Israel autoriza construções para colonos naquela zona da cidade e a “súbita” aprovação “parece estar ligada às eleições presidenciais de 3 de novembro nos Estados Unidos, porque é incerta a posição de uma futura administração norte-americana”, comenta a ONG.
“Agora com a licença (de construção) nas mãos, o governo pode dizer que a construção é um facto consumado e, portanto, não pode ser revogada”, assinala.
A Cisjordânia é um território palestiniano ocupado por Israel desde 1967 e onde vivem mais de 450.000 colonos judeus ao lado de 2,8 milhões de palestinianos.