Internacional Informalidade da economia africana dificulta apoio dos Estados

Informalidade da economia africana dificulta apoio dos Estados

O diretor do departamento africano do FMI disse que a informalidade da economia do continente dificulta o apoio dos Estados, na atualização das previsões sobre a economia africana, que apontam para uma recessão de 3,2%.

“As autoridades na África subsaariana enfrentam um desafio distinto na ajuda àqueles que mais precisam; cerca de 90% do emprego não agrícola é no setor informal, onde os participantes não estão geralmente cobertos por uma rede de segurança social”, explicou Abebe Aemro Selassie, na nota que acompanha a atualização das Previsões Económicas para a África subsaariana, hoje divulgadas em Washington, e que pioram a previsão de recessão de 1,6% para 3,2% no continente este ano.

“Além disso, uma grade parte destas atividades centra-se no fornecimento de serviços, que foram particularmente afetados pela crise; os trabalhadores informais tipicamente têm poucas poupanças e acesso limitado a serviços financeiros, por isso ficar em casa não é uma opção, o que complica os esforços das autoridades para manterem um confinamento eficaz”, acrescentou o responsável.

Selassie elogiou os governos africanos pela resposta “rápida e agressiva” no apoio à economia, mas reconheceu que, do ponto de vista orçamental, o espaço de manobra destes governos é limitado.

“Já antes da crise os níveis de dívida eram elevados em muitos países da região e, neste contexto, e à luz do colapso da receita fiscal, a capacidade dos governos de aumentar a despesa pública tem sido limitada, com os estímulos orçamentais a ficarem-se pelos 3% do PIB, um esforço indispensável, mas marcadamente menos que noutros mercados emergentes e nas economias avançadas, e que surge à custa do corte de despesa noutras prioridades, como investimento público”, apontou.

Recomendado para si:  Sean ‘Diddy’ Combs pede perdão presidencial a Donald Trump após condenação

Em suma, concluiu, “muitos governos na África subsaariana enfrentam um conjunto de escolhas políticas de curto prazo particularmente sombrio, não só sobre a escala do apoio que podem financiar, mas também sobre o ritmo a que podem reabrir as economias”.

A prioridade imediata, apontou, deve ser a preservação da saúda e das vidas, mas com a reabertura gradual das economias, os esforços de apoio público devem desviar-se do geral para “alvos mais específicos e políticas mais direcionadas, concentradas em particular nos agregados familiares mais pobres e nos setores que foram mais atingidos pela crise”.

A atualização das previsões para a África subsaariana mostra um cenário mais sombrio para a região, com o FMI a piorar a estimativa de evolução de 37 das 45 economias analisadas.

Entre os países lusófonos, todos estarão em recessão mais profunda este ano do que se previa em abril, sendo Moçambique o único país que mantém um crescimento positivo este ano, segundo as previsões do FMI.

O número de mortos em África devido à covid-19 subiu para 9.657, mais 173 nas últimas 24 horas, em mais de 382 mil casos, segundo os dados mais recentes sobre a pandemia no continente.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 500 mil mortos e infetou quase 10,1 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.