Internacional Papa Francisco aceita renúncia do cardeal francês Philippe Barbarin

Papa Francisco aceita renúncia do cardeal francês Philippe Barbarin

Philippe Barbarin tentou renunciar após ter sido condenado em primeira instância em Março de 2019, com pena suspensa, por não ter denunciado um padre pedófilo à polícia.

O papa Francisco aceitou o pedido de renúncia do cardeal e arcebispo de Lyon, Philippe Barbarin, julgado por ocultação de casos de pedofilia na sua diocese, anunciou na sexta-feira (06) o administrador apostólico Michel Dubost.

O cardeal francês, condenado em primeira instância a seis meses de prisão com pena suspensa, foi absolvido por um tribunal de recurso em 30 de Janeiro, mas, no mesmo dia, anunciou que iria “renovar o pedido” de renúncia, para permitir que a Igreja “virasse a página”.

Philippe Barbarin tentou renunciar após ter sido condenado em primeira instância em Março de 2019, com pena suspensa, por não ter denunciado um padre pedófilo à polícia. Contudo, o papa Francisco recusou-se a aceitar a renúncia até que o recurso da decisão fosse apreciado por um tribunal superior ou a condenação transitasse em julgado.

O caso que levou à condenação do cardeal envolve o padre francês Bernard Preynat, que admitiu ter abusado de escuteiros entre as décadas de 1970 e 1990.

Vários responsáveis da Igreja foram acusados de encobrir Bernard Preynat por muitos anos, mas algumas das situações tinham o prazo de procedimento criminal prescrito e apenas Barbarin foi condenado.

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Na sentença condenatória em março, o tribunal de Lyon concluiu que Barbarin “para evitar escândalos causados pelos múltiplos abusos sexuais cometidos por um padre (…) preferia correr o risco de impedir a descoberta de muitas vítimas de abuso sexual pelo sistema judicial”.

O processo contra Barbarin resulta de uma discussão ocorrida em 2014 com Alexandre Hezez, que contou ao cardeal sobre a violência sexual que sofreu na década de 1980 por Preynat nos campos de escuteiros. Hezez acrescentou que o padre não deveria mais dirigir uma paróquia.

Barbarin alegou na audiência de recurso que seguiu as instruções do Vaticano após a discussão de 2014 com Hezez, sugerindo que não poderia ter feito mais.

Preynat foi transferido para outra paróquia, mas continuou a trabalhar com crianças até à sua reforma em 2015. O padre terá abusado de pelo menos 85 crianças.

Em julho, a Igreja Católica da França declarou-o culpado de abusar sexualmente de vários escuteiros ao longo de vários anos, refletindo a tendência crescente da Igreja em reconhecer os casos de abuso sexual de crianças por padres e outros dignitários religiosos.