O Comité de Inteligência da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos divulgou ontem um relatório documentando o andamento do processo de impeachment contra o presidente Donald Trump.
Foram quase dois meses de depoimentos privados e públicos de diplomatas e funcionários do governo norte-americano. São informações da Folha de S.Paulo.
No documento de 300 páginas, o colegiado liderado pelos democratas acusa Trump de abusar de seu poder ao pressionar a Ucrânia para que investigasse seu rival democrata Joe Biden, o que configuraria interferência estrangeira nas eleições de 2020.
O relatório também acusa o presidente de tentar impedir o Congresso de levar a cabo o inquérito, incluindo recusas para fornecer documentos, tentativas frustradas de impedir que funcionários do governo de carreira testemunhassem e intimidação de testemunhas.
“Donald Trump é o primeiro presidente da história dos Estados Unidos a tentar obstruir completamente uma investigação de impeachment realizada pela Câmara dos Deputados”, afirmou o relatório.
Interesses pessoais
O presidente republicano “colocou seus próprios interesses pessoais e políticos acima dos interesses nacionais dos EUA, tentou minar a integridade do processo eleitoral presidencial dos EUA e pôr em risco a segurança nacional”, concluiu o documento.
A porta-voz da Casa Branca, Stephanie Grisham, que está em Londres com Trump para a cúpula da Otan, disse que os democratas liderados pelo presidente do Comitê de Inteligência, Adam Schiff, conduziram um “processo de fraude unilateral” que não produziu nenhuma evidência de irregularidade contra o presidente.
“O relatório do presidente Schiff parece com as divagações de um blogueiro de fundo de quintal tentando provar algo quando não há evidências de nada”, afirmou Grisham.
Artigos de impeachment
A aprovação do relatório pelo Comité de Inteligência foi por 13 votos a favor e 9 contra e deu início à nova fase do impeachment. Trump é o quarto presidente na história norte-americana a ser alvo de um inquérito do tipo.
Agora, o Comité Judiciário da Câmara poderá começar a redigir, a partir de hoje, os chamados artigos de impeachment – documentos formais que explicam as acusações pelas quais um funcionário público pode ser destituído do cargo. As mais prováveis a serem formalizadas são abuso de poder e obstrução do Congresso.
Metrópoles