Destaque Novo ataque armado faz dois feridos no centro do país

Novo ataque armado faz dois feridos no centro do país

Um novo ataque de um grupo armado contra um camião de carga provocou dois feridos junto à N1, a principal estrada que liga o sul e norte do país, disseram ontem à Lusa testemunhas e autoridades.

Em declarações à Lusa, o líder da autoproclamada Junta Militar da Renamo negou qualquer responsabilidade neste ataque.

O motorista e o ajudante do camião, que transportava ração para aves, foram alvejados quando a viatura foi alvo de uma emboscada na manhã de ontem na Ponte Nova, a 400 metros da aldeia de Chibuto, cerca de 40 quilómetros a sul de Inchope, na província de Manica, centro do país.

“Os disparos foram frontais, pois as balas perfuraram o para-brisas e atingiram os ocupantes”, disse à Lusa Dinis Filipe, um morador da aldeia que presenciou o ataque, adiantando que prestou socorro às vítimas, que se refugiaram na aldeia.

Um outro morador contou à Lusa que cerca das 06:00 horas foram ouvidos quatro tiros e mais tarde soube que foram contra um camião de carga, que ficou imobilizado no local do ataque.

“Depois do ataque, o motorista e o ajudante chegaram aqui sangrando no braço e na cara”, disse à Lusa José Combino, também residente da aldeia, acrescentando que as vítimas tinham abandonado a viatura no local do ataque.

“Cerca das 11:00 chegou um contingente da UIR [Unidade de Intervenção Rápida] que retirou a viatura do local do ataque para Inchope” , acrescentou José Combino.

Uma fonte hospitalar no Inchope confirmou à Lusa a entrada no centro de saúde local de duas pessoas por ferimentos de bala e estilhaços de vidro.

Contactado ontem (27) pela Lusa, Mariano Nhongo, líder da autoproclamada Junta Militar da Renamo, negou a autoria do ataque, assegurando que o mesmo ocorreu numa zona distante daquela onde se encontra.

“O ataque ocorreu longe de onde eu estou”, limitou-se a dizer Mariano Nhongo, que contesta a liderança do principal partido de oposição e tem sido acusado pelas autoridades de ser o mandante dos ataques.

Este é o primeiro ataque depois de o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, ter anunciado há duas semanas na Gorongosa, centro do país, que ordenou às Forças de Defesa e Segurança para “perseguirem e capturarem os atacantes sem rosto” que têm protagonizado ataques contra alvos civis e militares desde Agosto no centro de Moçambique.

Os ataques armados contra viaturas na Estrada Nacional Número 1, no centro de Moçambique, já provocaram pelo menos 10 mortos e as autoridades têm responsabilizado guerrilheiros da Renamo pelo que permanecem na zona, alguns dissidentes da organização, enquanto o principal partido da oposição nega o envolvimento.

O mesmo tipo de violência naquela região aconteceu em 2015, em período pós-eleitoral, quando Afonso Dhlakama rejeitou a vitória da Frelimo, mas negando o envolvimento nos confrontos.

Desta vez, o cenário é ainda mais complexo depois de, em Junho, um número incerto de guerrilheiros da Renamo chefiados por Mariano Nhongo se terem revoltado contra o líder do partido, Ossufo Momade, ameaçando desestabilizar a região.

No entanto, em contactos pontuais com a Lusa e outros órgãos de comunicação social, Nhongo tem negado serem os seus homens os autores destes ataques.

Em Agosto passado, a Renamo e o Governo assinaram um acordo de paz.

Lusa