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Presidente da “Junta Militar da Renamo” quer adiamento das eleições para poder concorrer

Foi à conferência da autoproclamada Junta Militar da Renamo com a patente de major-general e saiu com a de tenente-general. A promoção de Mariano Nhongo resulta da sua eleição para presidir o grupo de guerrilheiros dissidentes da Renamo, o maior partido da oposição.

Na conferência que decorreu entre sábado e segunda-feira e juntou mais de 200 pessoas na serra de Gorongosa, Nhongo apresentou-se vestido a civil, mas sempre rodeado por guerrilheiros de uniforme verde e espingardas AK47. Uma imagem que lembra o histórico líder da Renamo, Afonso Dhlakama.

E foi de terno e gravata que Mariano Nhongo fez as primeiras declarações à imprensa na qualidade de presidente da “Junta Militar da Renamo”. Prometeu respeitar a trégua militar (oficialmente extinta com a assinatura do acordo de paz e reconciliação de Maputo); exigiu o adiamento das eleições agendadas para 15 de Outubro; declarou nulo o processo desmilitarização, desmobilização e reintegração dos homens armados da Renamo (mais conhecido por DDR); e exigiu novas negociações com o governo.

“O governo deve parar imediatamente de negociar seja o que for com o senhor Ossufo Momade na busca de paz. Estamos abertos ao diálogo. Iremos accionar os mesmos mecanismos usados pelo presidente Afonso Dhlakama para contactarmos o governo”, disse Nhongo, ameaçando que se o governo violar a “trégua” a junta irá responder.

Quanto à exigência do adiamento das eleições, a “Junta Militar da Renamo” pretende ganhar tempo e criar condições para preparar as suas candidaturas.

“Aliás, eu mesmo na qualidade de presidente da Renamo preciso de tempo para me preparar”, disse Nhongo, revelando assim a intenção de se candidatar a Presidente da República.
No sábado, Ossufo Momade, o presidente da Renamo eleito em congresso, iniciou a sua pré-campanha, trabalhando na província de Nampula, o maior círculo eleitoral do país.

Confinado nas matas de Gorongosa, o presidente da “Junta Militar” exige que Ossufo Momade e André Magibire (secretário-geral da Renamo) devem parar de usar os símbolos do partido para fins eleitoralistas e de manter contactos com o governo.

“Não há diálogo possível com a Renamo do Ossufo Momade e André Magibire. Para nós eles são traidores. Ignoraram as linhas definidas pelo presidente Afonso Dhlakama para o processo de DDR, depois de terem sido discutidas por nós e pelo conselho nacional da Renamo. Exoneraram sem justa causa delegados provinciais e distritais da Renamo. Mandaram deter todos os oficiais da Renamo que tentaram exigir a reposição da verdade e inventaram Renamo Unida. As alas políticas e militares da Renamo nunca estiveram separadas”.

Devido aos receios de um possível ataque, a “Junta Militar da Renamo” decidiu movimentar os guerrilheiros para locais considerados seguros. Através do seu porta-voz, João Machava, a “Junta” anunciou que vai pedir a intervenção dos governos de Portugal, Ruanda e a Cruz Vermelha Internacional para garantir segurança ao seu presidente. “Ele precisa de segurança para poder movimentar-se dentro e fora do país em missões de negociação de paz”.

Um dos participantes da conferência foi o sobrinho e xará do primeiro comandante em chefe da Renamo, André Matsangaisse. Em declarações à imprensa, Matsangaisse pediu que os membros da Renamo parassem de contactar com a direcção do partido.

“Todos os membros da Renamo, incluindo deputados, delegados provinciais e distritais que entrarem em contacto com o senhor Ossufo Momade e ou André Magibire, estão avisados de que estão em rota de colisão com a ala militar da Renamo. O recado é extensivo ao governo de Moçambique”, ameaçou.

O País