Sociedade Movimento migratório aumenta casos de tuberculose em Moçambique

Movimento migratório aumenta casos de tuberculose em Moçambique

A deputada da Assembleia da República, Valéria Mitelela, disse, na terça-feira, em Cabo Verde, que o movimento migratório de mineiros para a África do Sul aumenta casos de tuberculose em Moçambique, garantindo que a doença está controlada após os ciclones.

Em declarações à agência Lusa, na cidade da Praia, no âmbito da 3ª Cimeira Parlamentar Africana sobre Tuberculose, a deputada indicou que há muitos casos da doença em Moçambique, por causa dos mineiros que vão à África do Sul.

“Têm família em Moçambique, vão e voltam, e esse movimento migratório faz com que a zona sul seja muito afectada pela tuberculose, assim como pelo HIV/Sida”, afirmou Valéria Mitelela, também primeira vogal do Gabinete da Mulher Parlamentar de Moçambique, que apresentou a experiência do país durante a cimeira que terminou, ontem, na Praia.

Sem precisar o número de casos registados, a parlamentar acrescentou, porém, que a situação da doença no país “está controlada”, após um “início muito difícil” na sequência dos ciclones Idai e Kenneth, que atingiram o país em Março e Abril, respectivamente, causando mais de 600 mortos e muita destruição.

Valéria Mitelela disse que o país conseguiu conter a situação graças ao apoio da comunidade internacional.

“Houve muitos casos de tuberculose, e se não fosse o apoio internacional as pessoas poderiam ter ficado prejudicadas, sem poder continuar o seu tratamento, mas não houve essa quebra”, salientou.

A deputada referiu ainda que em Moçambique as pessoas com tuberculose são estigmatizadas, porém, o país também tem acções de combate e uma lei contra a discriminação.

“Ninguém pode ser expulso do trabalho por ser portador de tuberculose ou HIV/Sida, também não se pode negar emprego a uma pessoa por ser portadora dessas doenças. Já acautelamos tudo isso”, afirmou.

A questão da estigmatização foi, igualmente, levantada durante um painel da cimeira, com os oradores a defenderem a sensibilização, educação e uma acção global para pôr fim a essa ameaça.

Deborah-Ogwuche Ikeh, do Grupo Parlamentar Global sobre a Tuberculose, deu um exemplo concreto do seu país, a Nigéria, onde uma senhora portadora da doença procurou curar a doença por todos os meios, inclusive foi a curandeiros, mas nunca foi a uma estrutura de saúde.

A também gestora do grupo parlamentar da África francófona disse que a senhora e a sua família foram estigmatizadas, postas de lado, e a mulher acabou por morrer, sem procurar tratamento.

Jornal Notícias