Politica Governo e ONG discordam sobre investimento chinês na pesca em Nampula

Governo e ONG discordam sobre investimento chinês na pesca em Nampula

Chineses já investiram cerca de 87 mil euros, o que permitirá a passagem das actuais 200 toneladas de peixe para as cinco a dez mil, diz governador da província. Críticos lembram que “chineses não respeitam ambiente”.

Duas empresas de capitais chineses – Semi-industrial de Moma e Stonechen Comercial Produtos de Pesca Limitada – estão a fazer investimentos milionários na exploração da actividade pesqueira na costa da província de Nampula, no norte de Moçambique, com vista à exportação para a China.

Só a Stonechen Comercial Produtos de Pesca, cujo licenciamento dá direito à exploração nos distritos de Moma, Angoche e Nacala-Porto, já investiu mais de 100 mil dólares [cerca de 87 mil euros] na aquisição de cinco embarcações e criação de um centro de processamento de pescado.

Chen Jun, um dos representantes da Stonechen Comercial, disse à DW que a sua empresa emprega cerca de mil trabalhadores, na sua maioria, moçambicanos. Garantindo que a empresa poderá processar os pecados a nível local para a exportação, o mesmo representante não detalhou, no entanto, quais as espécies de pescado alvo da actividade da empresa.

“Em Moma, temos uma sala de processamento [de peixe] de grande escala, com capacidade de 1500 toneladas. Temos barcos semi-industriais para pesca. Esses produtos [quando pescados] são levados para Moma para serem processados e depois exportados para a China e países europeus. O remanescente vendemos em Moçambique. Estaremos a pescar apenas peixe”, explicou.

Da pesca artesanal à semi-industrial…

O Governo moçambicano está satisfeito e considera que os investimentos poderão alavancar o sector. Em entrevista à DW, o governador da província de Nampula, Victor Borges, que no final do ano passado inaugurou cinco embarcações da Stonechen Comercial, no distrito de Angoche, afirmou que, com estes novos investimentos chineses, “Nampula pode passar de um patamar que, até 2016, era de 100 a 200 toneladas, na pesca comercial, para cinco a dez mil toneladas nos próximos anos”.

Números estes apenas referentes ao primeiro investimento, nota Victor Borges, acrescentando que: “temos outro [investimento] de pesca de atum, que está a decorrer em Nacala, também com uma empresa privada. Portanto, Nampula já está a sair da pesca artesanal para a pesca semi-industrial de grande escala”, disse.

O chefe do executivo provincial fez saber que os chineses não só irão pescar na costa de Angoche, Moma e Nacala, mas também vão produzir o peixe. “Existe uma área de dois mil hectares, em Moma, para promover a aquacultura, o que é bastante bom para nósEles não vão fazer o transbordo em alto mar, vão ter que processar em terra e depois levar ao alto mar para exportar para a China e outros países. Uma parte do pescado vai ficar para consumo interno”, disse.

DW