Os principais partidos da oposição e movimentos de rebeldes do Sudão concordaram em assinar um documento de “salvação nacional” para exigir a demissão do Presidente, Omar al Bashir, e estabelecer um plano para a transição democrática.
A secretária do Al Umma (A Nação), o principal partido de oposição, Sara Nugadallah, disse em declarações à imprensa que o documento inclui o “fim do regime de Omar al Bashir” e a formação de “um governo de transição nacional para administrar o Sudão até à realização de eleições justas e livres “.
Sara Nugadallah acrescentou que o texto deve garantir os direitos humanos, a liberdade e o regresso dos refugiados ao país, assim como firmar “um acordo de paz global e justo” com os movimentos rebeldes armados em várias zonas do país.
De acordo com dados fornecidos terça-feira pelo Al Umma, pelo menos 45 pessoas foram mortas e mais de 1.000 ficaram feridas desde o início dos protestos.
As manifestações registadas em várias cidades, incluindo a capital, Cartum, e que começaram após um aumento do preço do pão em Dezembro passado, passando de uma libra sudanesa (um centavo de euro) para três libras em plena crise económica, transformaram-se num movimento contra o regime do Presidente Bashir, que chegou ao poder em 1989, através de um golpe de Estado.
Durante os primeiros dias do protesto, os edifícios e escritórios do partido do Congresso Nacional, no poder, foram incendiados pelos manifestantes.
Pelo menos 19 pessoas, incluindo dois membros das forças de segurança, foram mortas, segundo um relatório oficial, mas a organização de direitos humanos da Amnistia Internacional registou 37 mortes.
Na sexta-feira passada, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu às autoridades sudanesas que “conduzam uma investigação completa sobre as mortes e a violência” e ressaltou a necessidade de “garantir liberdade de expressão e reunião pacífica”.
Esta terça-feira, cerca de 20 movimentos políticos sudaneses pediram uma mudança de regime para ultrapassar a crise.
O Sudão está a viver uma crise monetária grave e uma inflação galopante, apesar do levantamento do embargo comercial dos EUA em Outubro de 2017.
Apesar do levantamento das sanções, os Estados Unidos mantiveram o Sudão na lista de países que apoiam o “terrorismo” e os bancos estrangeiros, como os investidores estrangeiros, continuam cautelosos em relação ao país, dividido por décadas de conflito.
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