Economia Dívida pública regista aumento ligeiro

Dívida pública regista aumento ligeiro

Dívida e mais dívida, assim vão as contas públicas de um país há muito mergulhado na crise, na sequência do escândalo dos “empréstimos ocultos”. Prova disso é o contínuo agravamento do endividamento interno.

Dados do Banco de Moçambique (BM) revelam que o fluxo da dívida pública contraída com recurso a Bilhetes de Tesouro, Obrigações de Tesouro e adiantamentos do Banco Central aumentou em termos acumulados, ou seja, em mais de dois biliões de meticais, para o saldo de 107.460 milhões de meticais em Outubro corrente.

O valor é equivalente a 12,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. “Mas os montantes não tomam em consideração outros valores de dívida de pública interna, tais como contratos mútuos e de locação financeira”, apontou o governador do BM, Rogério Zandamela.

Em paralelo, o clima económico deteriorou-se pelo terceiro mês consecutivo. Este cenário, segundo o Banco de Moçambique, reflecte as perspectivas pessimistas das empresas em relação às expectativas de emprego e preços, com maior pessimismo nos sectores de produção industrial, construção e de comércio, que se sobrepuseram à avaliação positiva dos ramos de alojamento, restauração, transportes e armazenamento.

Outro ponto negativo é o agravamento do défice da balança comercial do país, com as importações a superiorizar-se às vendas no exterior no fecho do terceiro trimestre deste 2018, por exemplo.

Dados provisórios indicam que o défice da conta de bens aumentou em 248 milhões de dólares norte-americanos, o incremento das importações em USD 706 milhões, relativamente ao igual período do ano passado. Maquinaria diversa, combustíveis, automóveis e alumínio bruto lideram as compras moçambicanas no exterior.

Contudo, nem todos indicadores macroeconómicos mostram-se desfavorável, as Reservas Internacionais Líquidas (RIL) mantêm-se em níveis confortáveis, ou seja, após ter reduzido para USD 3.125,3 milhões no dia 31 de Agosto, o saldo das reservas internacionais brutas recuperou para USD 3.195,7 milhões até à terceira semana de Outubro corrente, cifra que permite cobrir sete meses de importação de bens e serviços, excluindo as transacções dos grandes projectos.

Para o Banco Central, as condições actuais da economia continuam a favorecer a projecção de uma inflação baixa e estável, em torno de um dígito, no curto e médio prazos, mas com riscos domésticos elevados, os quais, associados à intensificação das incertezas na vertente internacional, exigem prudência redobrada da política monetária.

A nível interno, mantém-se o risco associado à sustentabilidade da dívida pública, bem como às incertezas quanto à evolução dos preços dos bens administrados. Na componente externa, destacam-se os riscos associados ao recrudescimento da tensão comercial e geopolítica, bem como o fortalecimento do dólar americano e a oscilação dos preços das commodities no mercado internacional, com realce para o incremento do preço do crude.

O País