Internacional Africa Parte da oposição na RDCongo cria coligação contra Kabila

Parte da oposição na RDCongo cria coligação contra Kabila

Vários partidos da oposição da RDCongo formaram na África do Sul uma coligação e escolheram Moise Katumbi como candidato comum para concorrer contra o Presidente Joseph Kabila nas sucessivamente adiadas eleições presidenciais congolesas, marcadas agora para Dezembro.

Reunidos num complexo hoteleiro em Muldersdrift, nos arredores de Joanesburgo, os delegados decidiram avançar com a candidatura de Katumbi, obrigado a deixar o país em 2016 devido a problemas de ordem judicial, que o próprio disse terem sido “inventados” por Kabila para o impedir de lutar politicamente contra o regime.

Segundo a imprensa local, citada pela agência Associated Press (AP), Katumbi defendeu que a República Democrática do Congo (RDCongo), liderado pelo clã Kabila desde 1997 (Laurent-Desiré Kabila, pai, 1997/2001, e Joseph Kabila, desde 2001), deve organizar eleições “transparentes e credíveis” e para evitar que Kabila entre na corrida a um terceiro mandato, a que está constitucionalmente impedido.

Apesar de ser um dos mais proeminentes líderes da oposição no antigo Zaire — país que, até 1997, foi liderado pelo ditador Mobutu Sese Seko, Katumbi conta com as “grandes preocupações locais” quanto à possibilidade de poder regressar à RDCongo para iniciar a campanha eleitoral.

Em 2016, Katumbi foi condenado à revelia a três anos de prisão sob a alegação de fraude no sector imobiliário, tendo Kabila insistido na ideia de que o agora candidato presidencial deve ser detido e cumprir a pena.

A oposição acusa o Governo de atrasar propositadamente as eleições presidenciais para manter Kabila no poder, embora o regime o negue, argumentando ser necessário mais tempo para as organizar.

As eleições presidenciais na RDCongo deveriam ter-se realizado inicialmente em Dezembro de 2016, mas, depois de um acordo entre Governo e oposição, decidiu-se adiá-las por 12 meses, para Dezembro de 2017.

Kabila acabou por adiar unilateralmente a data das eleições, que foram agora marcadas para 23 de Dezembro deste ano, o que desencadeou viva contestação política e social.

Na semana passada, o Conselho de Segurança das Nações Unidas condenou a violência no país, de cerca de 80 milhões de habitantes.

A violência provocou mais de 4,5 milhões de deslocados e centenas de milhar de refugiados em países vizinhos, havendo mais de dois milhões de crianças subnutridas e em perigo de vida, segundo dados da ONU.

Notícias ao Minuto