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Mais de 6 mil mulheres padecem do cancro do colo do útero em Moçambique

Num universo de 66 mil mulheres rastreadas num período compreendido entre 2010 à 2012, cerca de 6800 apresentaram lesões iniciais percursoras do colo do útero em todo o país, tendo sido já considerado como um problema para a saúde pública.

Dados do Ministério da Saúde (MISAU) indicam que em cada 100 mulheres rastreadas, 10 foram positivas para lesões iniciais – um número bastante significativo para a saúde de um país constituído maioritariamente pela população feminina.

A título de exemplo, o Hospital Central de Maputo (HCM) regista anualmente cerca de 3500 casos de cancro, dos quais 32 por cento é do cancro do colo do útero, uma doença de difícil tratamento.

Até ao momento, o país recorre aos recursos da quimioterapia e cirurgia para fazer face a esta pandemia. Os doentes que precisam dos serviços de radioterapia são transferidos para fora do país, constituindo, desse modo, custos elevados ao Estado moçambicano.

Segundo o Director do HCM, João Fumane, só no ano passado, àquela instituição transferiu para a vizinha África do Sul, 21 pacientes para os serviços de radioterapia, tendo o Estado gasto 420 mil dólares com o seu tratamento.

Para dar fim a estes encargos, a Primeira-dama, Maria da Luz Guebuza, lançou, esta segunda-feira (13), a primeira pedra para a remodelação e ampliação da unidade de radioterapia do HCM.

Com a duração das obras previstas para seis meses, o projecto que está avaliado em 15 milhões de meticais, não só conta com a componente infra-estruturas, mas também, com a montagem de equipamento de tecnologia de ponta bem como a formação de especialistas na área de tratamento e de manutenção dos equipamentos e controlo de qualidade.

Para tal, encontram-se em formação no estrangeiro três oncologistas, dois radioterapeutas e dois fisioterapeutas.

Na ocasião, a activista social na luta contra o cancro em Moçambique, Maria da Luz Guebuza, realçou a necessidade do alargamento da abrangência e diversificação dos serviços prestados, incluindo o de rastreio e tratamento do cancro.

“É nossa obrigação garantir um futuro melhor para as gerações vindouras promovendo mais serviços de prevenção, cuidados e tratamento do cancro em Moçambique. O diagnóstico e tratamento precoce, nomeadamente do colo do útero, da mama, da próstata, entre outros, são de importância vital para o aumento da esperança e qualidade de vida do nosso povo”, frisou a Primeira-dama.

Neste momento, o país conta com apenas 124 unidades sanitárias que podem diagnosticar o cancro.

Para o Ministro da Saúde, Alexandre Manguele, o lançamento da primeira pedra do serviço de radioterapia na maior unidade sanitária do país é um momento histórico e de extrema importância para o Serviço Nacional de Saúde, na medida em que “todos os dias ainda morrem muitas pessoas e muitas destas mortes poderiam ser evitadas e adiadas, através da disponibilidade de cuidados apropriados e através da disponibilidade de cuidados especializados entre as quais a de radioterapia”, salientou.

Com a entrada em funcionamento dos serviços de radiologia, o HCM estará capacitado para atender 300 pacientes por ano.