Politica Dhlakama: “Digam ao Guebuza para terminar com esta confusão”

Dhlakama: “Digam ao Guebuza para terminar com esta confusão”

O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, disse na passada sexta-feira a jornalistas que quer sair da Gorongosa, para começar a organizar as actividades do seu partido e envolver-se no processo eleitoral. Mas diz que não o pode fazer, porque Guebuza mandou concentrar tropas da FIR e a FADM com ordens para o matarem.

Numa conferência de imprensa bastante concorrida, feita por telefone e que teve lugar na sede da Renamo em Maputo, Dhlakama disse que não compreende a perseguição que Guebuza ordenou.

“Eu sou líder dum partido, sou moçambicano e tenho os meus direitos de eleger e ser eleito, por isso quero vir organizar o meu partido. O Nyusi e os outros líderes já começaram a andar pelo país e eu quero fazer o mesmo.”

Dhlakama deixou claro que não tem medo da Frelimo e que “hoje mesmo chegaria a Maputo”, só que, segundo ele, a Frelimo vai disparar. E acrescenta: “Se eu responder, poderá destruir-se tudo, o que seria mau para o país”.

Actual conflito é entre a Frelimo e a Renamo

Dhlakama explicou que o actual conflito político-militar é entre a Frelimo e a Renamo, por isso não pode prejudicar todo o país e os investimentos, porque, se assim a Renamo entendesse, poderia ter estado a sabotar, a começar pelo projecto do carvão de Moatize, que fica perto da Gorongosa.

O presidente da Renamo negou, por outro lado, que esteja doente, como foi propagado pela imprensa do regime e pelos seus analistas de turno.

“Eu estou bem, apenas os meus cabelos é que estão brancos. Não tenho trombose, não ando de carrinha, não estou doente. Tudo faz parte duma campanha dos intelectuais da Frelimo, que ate já chegaram a dizer que eu morri, eu estou no Quénia, nos EUA, e por aí fora. Estou de boa saúde, tirando os meus cabelos, que estão brancos”, declarou.

Recomendado para si:  ANAMOLA lança auscultação pública em reação à exclusão da COTE

Dhlakama disse que convocu os seus “amigos jornalistas”, de quem referiu ter “saudades”, para lhes dizer: “Queremos a paz”.

“Digam ao Guebuza, ao povo moçambicano e à comunidade internacional que o Dhlakama está a pedir para terminarmos com esta confusão”, afirmou o líder da Renamo, acrescentando: “Eu quero a paz, mas há um grupo da Frelimo interessado no sangue”.

E disse mais: “Há quatro dias, os mediadores nacionais vieram ao meu gabinete, em Maputo, e falaram comigo, para me pedir essa postura de paz que anunciei”.

“Mas eu disse a eles que deviam pedir o mesmo ao Presidente da República, porque ele é que tem estado a mandar tropas para me cercarem, atacarem e perseguir”, continuou Dhlakama, lamentando: “De lá para cá, não tive mais nenhum sinal deles [os mediadores]”.

“Se [a Frelimo e Guebuza] não querem a reorganização do exército, que digam”

O presidente da Renamo insistiu na necessidade da reorganização do exército, com a inclusão dos seus homens nos moldes de paridade que foram definidos em 1992, na cidade de Roma.

“Queremos um exercito técnico-profissional”, explicou, desmentindo que a Renamo tenha um exército paralelo ao do Estado.

“A Renamo não tem exército, tem sim os seus homens admitidos no Acordo Geral de Paz para a sua segurança”, afirmou.

Deixou claro: “Se Guebuza, que foi um dos negociadores do AGP e assinou alguns protocolos, não quer isso de organizar e juntar o exército, que o diga. ‘Dhlakama faça o seu exército, eu vou fazer o meu, e dividimos isto, acabou’”.