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Professor moçambicano pediu adiantado salário de um ano para ir ver o Papa no Brasil

Os peregrinos que desembarcaram na cidade do Rio de Janeiro para participar na Jornada Mundial da Juventude fazem malabarismos e muitas contas para se manter durante a semana no evento. Muitos deles viajaram dos mais longínquos países não só para ver o Papa Francisco, como também para conhecer o Brasil.

É o caso, por exemplo, do professor moçambicano Crispin Estevão, 24 anos, de Maputo, hospedado no Morro do Pavão-Pavãozinho, na zona sul da cidade do Rio de Janeiro, que pediu dinheiro emprestado ao seu chefe para pagar a viagem que lhe permite tomar parte na Jornada Mundial da Juventude. A sorte é que Estevão trabalha para a própria paróquia. Um padre adiantou-lhe 50 mil meticais (US$ 1.700). Quando voltar à capital de Moçambique, trabalhará durante um ano sem receber salário.

“O dinheiro vai me fazer falta, claro. Mas já está a valer a pena estar aqui. O meu país é pobre. Parece impossível uma pessoa pegar 50 mil para vir para a Jornada. Quis mostrar que é possível. É muito emocionante. O Brasil é o País de cores e alegria que eu imaginava, pela TV e pelo futebol”, diz Crispin Estevão pelo portal “Noticias R7”.

“Estudo Relações Internacionais de dia e dou aulas de educação visual à noite, na Paróquia São Joaquim. Vou ficar um ano sem receber, mas já está a valer a pena. Era um sonho vir para o Brasil”, conta Estevão.

Segundo ele, a inscrição custou US$ 266 dólares e a passagem 37 mil Metical. Desde sábado (20), ele está hospedado na casa de uma família na Favela do Pavão-Pavãozinho, ocupada por uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), em Copacabana, zona sul do juntamente com outros jovens moçambicanos.

O Papa Francisco chegou ontem a noite ao Rio de Janeiro para uma visita oficial ao Brasil, a primeira do seu pontificado.

Antes de aterrar, Francisco deixou uma mensagem contra “a cultura da rejeição”, a pensar nos jovens mas também nos mais velhos. “A crise mundial não faz nada de bom pelos jovens. Corremos o risco de ter uma geração que não tem trabalho, ora é do trabalho que vem a dignidade da pessoa”, afirmou o primeiro Papa sul-americano no avião que o levou de Roma ao Rio de Janeiro.

Francisco aproveitará a semana para falar do que pretende como Papa, escreve o jornal de São Paulo Estadão. E para alertar os políticos para questões que lhe são caras como o risco do aumento das desigualdades e da pobreza. Estão também previstos encontros com cardeais para debater a situação latino-americana.

RM