Politica Diálogo terminou “praticamente sem nenhum debate”

Diálogo terminou “praticamente sem nenhum debate”

O Governo moçambicano e a Renamo voltaram a reunir-se na manhã desta segunda-feira no Centro de Conferências Joaquim Chissano, na capital do País, em mais uma ronda do já conhecido diálogo. À saída do encontro, as delegações das duas partes, apesar de terem dito a jornalistas que o diálogo foi caracterizado por um ambiente de harmonia e vontade das partes prosseguirem com diálogo para tratar de questões de interesse nacional, admitiram que não “houve avanços, porque praticamente acabou não havendo nenhum debate”.

O ministro da Agricultura, José Pacheco, que chefia a delegação do Governo, disse que “perante as questões prévias apresentadas pela Renamo na ronda passada, vimos que há interesse dos nossos compatriotas da Renamo de obter as respostas do Governo a essas questões prévias por escrito”.

Pacheco quis dizer que, na sessão desta segunda-feira, a Renamo voltou a exigir do Executivo que as respostas das suas questões prévias fossem entregue por escrito tal como ela fez.

“Assim será feito, para a partir daí o nosso diálogo prosseguir. Mas estamos satisfeitos pela cordialidade que caracteriza o nosso diálogo”, disse José Pacheco.

De acordo com o ministro, “a abertura do Governo está à altura de corresponder a essa exigência da Renamo”. Por isso, garantiu que pelos canais próprios o Governo vai submeter as respostas por escrito e propor uma data para a retomada do diálogo.
“Nós como Governo não queremos a guerra, porque não somos guerreiros”, disse Pacheco.

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Renamo

Por sua vez, o chefe da delegação da Renamo, Saimone Macuiana, admitiu que na segunda ronda das negociações com o Governo, “embora o ambiente de trabalho seja efusivo, ainda não há avanços em relação às questões que nós colocamos ao Governo”.

“O Governo comprometeu-se em tempo útil poder responder às questões colocadas pela Renamo, que tem a ver com a libertação dos nossos 15 desmobilizados presos no dia 3 de Abril passado em Muxúnguè, a retirada as forças militares ao redor do quartel de Gorongosa onde se encontra o presidente Afonso Dhlakama e nas delegações ocupadas, bem como a necessidade de facilitadores nacionais independentes e observadores internacionais da SADC, União Africana e da União Europeia”, afirmou Saimone Macuiana à saída do encontro desta segunda-feira.

“Nós como Renamo continuamos a aguardar que a qualquer momento o Governo dê resposta às questões por escrito para avançarmos com os trabalhos de modo a corresponder às expectativas de todos os moçambicanos”.

Na verdade, segundo admitiram os chefes das delegações das duas partes, apesar desses pontos estarem nas actas assinadas nesta segunda-feira, “faz sentido que nos mesmos termos que a Renamo submeteu por escrito, tratando-se de assuntos sérios é correcto que as respostas sejam por escrito.
A primeira ronda das conversações entre o Governo e a Renamo foi realizada no passado dia 2 de Maio corrente, tendo terminado segundo as partes com a satisfação pelo facto do mesmo ter decorrido num ambiente de cordialidade.

Na primeira ronda, a Renamo apresentou ao Governo as questões prévias, nomeadamente a libertação imediata e incondicional dos membros da Renamo que se encontram detidos sobretudo na Beira e um pouco por todo o País, a retirada dos efectivos das Forças Armadas de Moçambique (FADM) e da Força de Intervenção Rápida (FIR) em Gorongosa e ao redor da base onde se encontra o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, bem como em todas as delegações politicas ocupadas e a aceitação de facilitadores nacionais e observadores independentes da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), da União Africana (UA) e da União Europeia (UE), como condição se seguir com diálogo.
“Só depois disso é que podemos avançar com o diálogo”, disse na altura Saimone Macuiana, chefe da delegação da Renamo.

Canalmoz