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Consumidores pagam acima de 100 por cento do preço real do tomate na cidade de Maputo

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Há especulação do preço do tomate nos mercados de venda a retalho e lojas de frescos, na cidade de Maputo. O consumidor chega a pagar mais de 100 por cento acima daquilo que devia ser o seu preço real, revelou ontem o presidente do Conselho de Administração da Hortofruticola, Belmiro Baptista.
Baptista considera que, tendo em conta o preço actual da venda de uma caixa de tomate no mercado grossista de Zimpeto, que varia de 50 a 180 meticais, não se justifica que um quilo seja comercializado entre 25 e 30 meticais nos mercados retalhistas e lojas de frescos.

Para Baptista, no actual cenário, o quilo de tomate devia custar sete a 15 meticais, facto que permitiria que o negócio fosse mais flexível e tanto os produtores, comerciantes quanto consumidores sairiam a ganhar.

O nosso Jornal visitou, ontem, alguns mercados retalhistas na cidade de Maputo e constatou que os vendedores de tomate chegam, de facto, a lucrar muito acima de 100 por cento do valor da compra.

Tizila Simango vende tomate no mercado central da cidade de Maputo. A mesma diz que compra uma caixa de tomate no mercado grossista de Zimpeto a 200 meticais e vende o quilo a 25. Se consideramos que uma caixa tem 22 quilos, multiplicados por 25 meticais cada, perfaz  550 meticais. Assim, subtraindo os 200 meticais do valor da compra, no final das contas, lucra 350 meticais por caixa, o que representa 150% acima do valor da compra.

Domingas Manhiça é outra revendedora de tomate a retalho no mercado Central da capital do país. Também compra o seu produto no mercado grossista de Zimpeto. Domingas vende o quilo a 40 meticais. A mesma alega que compra a caixa um pouco mais caro – 350 meticais. Mas mesmo assim, feita as contas, multiplicando 40 meticais por 22 quilos, uma caixa rende-lhe 880 meticais. Subtraindo os 350 da compra, a mesma lucra 530 meticais por caixa de tomate.

O que diz a Lei?

O decreto número 56/2011 de 4 de Novembro do Conselho de Ministros, que aprova o regulamento que fixa as margens máximas de lucros para produtos básicos, estabelece que, para bens tais como tomate, o seu lucro não deve exceder 10 por cento nos mercados grossistas e para os retalhistas a margem mais elevada deve estar nos 25 por cento.

Ou melhor, para um revendedor que vai comprar tomate ao Chókwè, a sua margem de lucro no Zimpeto deve ser de 10 por cento o máximo. O retalhista que adquire o mesmo produto no Zimpeto para vender no mercado Central deve lucrar o máximo 25 por cento.

Ora, se o preço de uma caixa de tomate no mercado grossista de Zimpeto varia de 50 a 200 actualmente, bastava apenas acrescentar 25 por cento a valor da compra.

Exemplificando, se um revendedor compra uma caixa de tomate a 200 meticais no Zimpeto, adicionando 25 por cento, devia ganhar 250 meticais, sendo 50 de lucro. Dividindo 250 meticais por 22 quilos de uma caixa, o quilo sai 10 meticais. Isso quer dizer que 10 meticais devia ser o preço real do quilo de tomate, cuja caixa foi adquirida a 200 meticais nos mercados retalhistas.

Constrangimentos provocados pela especulação

Baptista diz que  o elevado custo do tomate impede o aumento de novos consumidores para permitir que o produtor possa vender mais. Sugere que haja fiscalização séria das autoridades, para evitar que os revendedores ganhem acima de 100 por cento, prejudicando, em última análise, o consumidor.