Internacional Obama interrompe as férias em memória de James Foley

Obama interrompe as férias em memória de James Foley

O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, interrompeu as férias e prestou uma declaração, esta quarta-feira, sobre a morte do jornalista James Foley decapitado por um militante do Estado Islâmico.

“Os Estados Unidos da América vão continuar a fazer o que é necessário para proteger o nosso povo. Estaremos atentos e seremos implacáveis. Quando alguém prejudica os americanos em qualquer parte do mundo, fazemos o que é necessário para que a justiça seja feita e agiremos contra o Estado Islâmico, a par com os outros”, disse Obama.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, também interrompeu as férias atendendo ao facto do terrorista no vídeo ter uma perfeita pronúncia britânica: “É algo profundamente chocante, mas sabemos que vários cidadãos britânicos têm viajado para o Iraque e para a Síria para fazer parte do extremismo e da violência. Temos de redobrar os nossos esforços para impedir a ida destas pessoas.”

Os pais de James Foley estão profundamente consternados, mas dizem-se orgulhosos da coragem do filho e apelam à libertação de outros reféns.

“Sabíamos que era o Jim. Nem sequer vimos o vídeo”, diz a mãe Diana Foley.

Segundo o pai: “É horrível. As pessoas podem morrer de muitas formas diferentes, mas esta foi a mais terrível, e isso assombra-me. A dor a que foi submetido e a crueldade deste método de execução, em comparação com tantos outros. É algo que testemunha a sua coragem. Foi corajoso até o fim”.

 

O que é o Estado Islâmico do Iraque e da Síria?

Com a morte do jornalista norte-americano James Foley o Estado Islâmico tornou-se conhecido no mundo inteiro. Mas o grupo terrorista não é apropriamento novo: nasceu há mais de dez anos durante a guerra no Iraque.

A invasão liderada pelas forças norte-americanas visava pôr fim ao regime de Saddam Hussein.Vivia-se a era da AlQaeda dirigida por Osama Bin Laden que ambicionava estabelecer um califado sem fronteiras fundado na Xária. O líder da célula iraquiana da Al Qaeda, o jordano sunita Abu Musab al-Zarqawi, afrimava-se como um símbolo da luta contras as potências ocidentais. Mas em 2006, após uma longa caça ao homem, al-Zarqawi perdeu a vida num ataque aéreo norte-americano.

Um golpe que obrigou o grupo terrorista a mudar-se para a Síria, sob um novo nome: Estado Islâmico do Iraque e da Síria. O movimento extremista reforçou-se em 2010 sob a liderança do líder actual, Abu Bakr al Baghdadi.

As acções do grupo intensificaram-se no contexto da guerra civil síria. O Estado Islâmico recruta localmente e a nível internacional, especialmente na Europa. A pessoa que aparece no vídeo do jornalista norte-americano decapitado aparenta ser britânico. Um dado que fez reagir o Reino Unido.

“Não é apenas um problema para o Iraque e para a Síria ou para a região. É um problema para nós no Reino Unido, na Europa e na América do Norte. Se essas pessoas criarem o califado islâmico no Iraque e na Síria, elas usarão esse território como base para atacar os interesses ocidentais e os países ocidentais”, disse Philip Hammond, ministro britânico dos negócios estrangeiros.

A ambição do Estado Islâmico é a ocupação completa do Iraque, um objectivo mais fácil de atingir após a retirada das forças norte-americanas.

No terreno, os avanços do grupo armado causaram surpresa. Para travar a progressão do Estado Islâmico os Estados Unidos decidiram intervir militarmente numa série de investidas aéreas.

A milícia islâmica foi obrigada a retira-se, não sem realizar uma operação de propaganda e vingança contra Washington publicando vídeos de reféns na Internet.