Economia FARE denuncia manipulação de juros por bancos de microcrédito

FARE denuncia manipulação de juros por bancos de microcrédito

FARE denuncia manipulação de juros por bancos de microcrédito
Alguns bancos de microcrédito estão envolvidos em esquemas de empolamento ilícito das taxas de juro, nos empréstimos que concedem para o financiamento de actividades de produção de alimentos, geração de emprego e promoção do sector privado, sobretudo nas zonas rurais.

Segundo denúncia feita há dias em Maputo pelo presidente do Fundo de Apoio à Reabilitação Económica (FARE), Mohamed Rafik, os bancos de microcrédito recebem fundos de crédito da sua instituição a uma taxa de juro que oscila entre os 6 e 12 por cento, mas o dinheiro é vendido aos produtores das zonas rurais com juros que chegam a atingir os 60 por cento.

Rafik, que falava a jornalistas no quadro do sexto seminário de finanças rurais, disse que o esquema adoptado atinge o extremo de “agiotagem inaceitável”, sobretudo por violar de forma grosseira as recomendações do Banco de Moçambique sobre a matéria.

“As taxas de juro aplicadas por algumas instituições de microcrédito nas zonas rurais são absolutamente obscenas. O FARE disponibiliza o dinheiro a taxas definidas em conformidade com os indicadores do Banco Central. Quer dizer, nós colocamos o dinheiro a um preço competitivo, mas chegam aos utentes finais a taxas inaceitáveis!”, disse Mohamed Rafik.

Na sua qualidade de instituição do Estado, o FARE tem como vocação apoiar o processo de reactivação da economia do país através do financiamento de actividades produtivas e de prestação de serviços, criação de emprego e inovação, promoção e dinamização do sector privado.

“O FARE financia os provedores a uma taxa de juro competitiva, mas quando chega ao beneficiário quase triplica. Esta prática coloca um desafio para o Governo que deve encontrar, com as instituições de microcrédito, formas de se ultrapassar o constrangimento. É preciso haver diálogo entre o FARE e as instituições de microcrédito para que a taxa de juro possa, efectivamente, estimular a actividade produtiva no meio rural”, disse.

Discursando semana finda, no seminário, o Ministro da Planificação e Desenvolvimento, Aiuba Cuereneia, propôs uma reflexão nacional sobre as taxas de juro aplicadas pelas instituições financeiras, de modo a torná-las num incentivo às actividades de produção de alimentos e geração de emprego, sobretudo nas zonas rurais.

Segundo dados divulgados pelo Banco Central, apenas 22 em cada cem moçambicanos têm acesso a serviços e produtos financeiros no país, cenário causado, grosso modo, por limitações infra-estruturais, dispersão da população e pelos elevados custos dos serviços e produtos, nomeadamente as taxas de juro.

A cobertura bancária atinge actualmente 58 do total de 128 distritos do país, nos quais funcionam actualmente 117 balcões. O número de agências bancárias no país aumentou de 228 em 2006 para 470 em Agosto deste ano.